Juventude participa de GTs e discute a Revolução Cubana no Acampamento da LL
Com base em toda a teoria discutida desde o início do Acampamento Revolucionário 2018, na manhã de sábado (27/01) foram realizados dois Grupos de Trabalho (GT). O GT universitário foi coordenado pela militante da Liberdade e Luta (LL), Renata Ribeiro, de Bauru (SP), e o grupo dos secundaristas, pelo militante da LL e presidente da União Joinvilense dos Estudantes Secundaristas (Ujes), Jonathan Vitório, de Joinville (SC).
O GT universitário começou com um informe sobre a origem do direito à educação, a atual situação, todos os desafios enfrentados nas universidades públicas e privadas ao redor do Brasil e o papel que a Liberdade e Luta deve desempenhar dentro dessas instituições. Após o informe, os estudantes debateram sobre as dificuldades enfrentadas nas universidades no ano de 2017.
Os jovens relataram o desempenho e experiência política nas instituições de ensino público e privado e a falsa impressão de acessibilidade que os programas como PROUNI, SISU e FIES causam para a classe trabalhadora. A desistência de estudantes nas universidades, a falta de auxílio moradia, o aumento das mensalidades nas universidades privadas foram algumas das pautas levantadas pelos participantes. Os jovens ainda colaboraram com propostas e ideias para desenvolverem ao longo do ano pela organização.
Já no GT dos secundaristas, foi realizado um apanhado sobre os ataques sofridos nesse último período, como os cortes na educação e as reformas que sucateiam o ensino público. Também foi debatido sobre a importância da construção de sindicatos estudantis. Os estudantes colaboraram com propostas que serão encaminhadas para o combate com professores e toda a classe trabalhadora neste ano que está começando.
Tanto nas universidades, quanto nas escolas públicas, vemos a total falta de interesse deste governo burguês em fornecer uma educação de qualidade. O sucateamento e a precarização da educação são inaceitáveis. Movimentos políticos, como a União Nacional dos Estudantes (UNE), por exemplo, já não representam mais os estudantes, pois perderam seu verdadeiro princípio e agora estão distantes da base, seguindo os princípios da classe dominante. Diante deste cenário, os GTs encaminharam tarefas para combater este sistema que priva os trabalhadores de uma educação pública, gratuita e para todos.
No GT universitário foi decidido que seriam realizadas as seguintes ações: panfletagem para os calouros, nas universidades que a LL estiver à frente de CA’s ou DCE’s realizar uma assembleia no começo do ano para levantar junto aos estudantes as principais reivindicações, criação de um panfleto explicativo com o passo a passo de como montar o núcleo da LL, mapeamento de fábricas e locais de trabalho onde seja possível estar em contato com os trabalhadores, realizar panfletagens, apoiar greves, elaborar um plano de ação com objetivos de criação de novos núcleos, realizar textos para aprofundar em alguns temas como o ataque à ciência, ensino a distância, empreendedorismo nas grades, literatura revolucionária e pós-graduação e a criação da nova palavra de ordem “Ninguém fora das universidades” e “Não à expulsão dos inadimplentes”.
O GT secundarista encaminhou a elaboração de panfletos da LL sobre a situação das escolas e construção de sindicatos estudantis, a criação de grêmios estudantis independentes, a elaboração de um estatuto da LL para os grêmios, um jornal da LL secundarista, o apoio aos professores nas greves, a elaboração de vídeos relato dos estudantes sobre a situação das escolas e da educação, a arrecadação financeira independente, a criação de uma página secundarista no site da LL e o Conselho de grêmios e a realização de formação nas escolas sobre ataques que a juventude e os trabalhadores estão sofrendo.
Cuba e a Revolução Permanente
Durante à tarde, a juventude voltou a se reunir para o informe do coordenador nacional da LL, Evandro Colzani, sobre a Revolução Permanente em Cuba. A plenária fez um apanhado histórico desde a descoberta de Cuba, com a formação da colônia e das guerras de independência no século XIX, quando a importância do caribe se dava pelo fato da área estar na rota das frotas espanholas servindo de postos de abastecimento.
O processo de colonização foi iniciado com doações de terras aos colonos ligados à coroa fazendo com que os nativos fossem transformados em escravos e em seguida dizimados por grande violência. Os cubanos, inspirados por outros países da América Latina, começam as guerras de independência que não se prolongaram, porém, conquistaram a abolição da escravidão em 1886. Evandro também relembrou o ano de 1898, quando os americanos enviaram tropas para a expulsão dos espanhóis da ilha e se apropriaram do país elaborando uma constituição que garantisse a intervenção militar sempre que julgassem necessário.
No século XX, surge a classe operária em Cuba com a explosão de greves e a criação de partidos políticos. Após a crise de 1929 o governo passa a ser ditatorial. Com a revolta dos sargentos, a figura de Fulgêncio Batista ganha destaque e entra em cena em 1952 por meio de uma ditadura. Logo após surge Fidel Castro, que em 1953 invade o Quartel Moncado e é preso após o atentando. É neste momento que Fidel começa a ganhar popularidade. Com seu exilio no México após a prisão, conhece o guerrilheiro Ernesto “Che” Guevara, que foi para o país fugindo de outra ditadura. Os dois aventureiros treinam uma equipe de guerrilheiros para o que viria ser então a Revolução Cubana. Após as falhas das investidas do governo de Batista, os guerrilheiros começam a ganhar camponeses e os soldados se rendiam para que nenhum soldado fosse abatido. Com as greves estudantis e operárias e a insurreição das cidades, o governo batista é derrotado em 1958.
O camarada ainda relatou como o Fidel chegou até os EUA para o estabelecimento de uma república burguesa, deixando claro que Fidel não era um socialista e recorreu à república imperialista dos EUA. Trotsky, em a “Teoria da Revolução Permanente”, explica que as tarefas democráticas burguesas só podem ser completadas pela Ditadura do Proletariado e a revolução não poderia mais se converter ao que Fidel buscava, já que se chocava com os interesses dos EUA.
Em 1959 a reforma agrária é posta em prática e a burguesia cubana rompe com o governo. Cuba planifica a economia, expropria as fábricas, mas não passa o poder para as mãos dos trabalhadores e no fim da década de 60, com o desastre do açúcar, acontece a aproximação, passando a ser dependentes da União Soviética. O baque da revolução cubana vem com a quebra da URSS e a chegada da miséria depois de um acordo com a China e a aproximação da Venezuela é que Cuba volta a se recuperar.
Para Cuba nos dias de hoje, existem duas saídas, a volta da revolução ou a volta do capitalismo, e é por isso que a juventude precisa estudar e entender a teoria, estar ao lado da classe trabalhadora e lutar pela Revolução Socialista.
Cine-debate discute revolução
Após uma tarde de debates e confraternização a juventude assistiu dois filmes com temas parecidos em duas épocas diferentes. “Pride, Orgulho e Esperança” fala sobre a luta dos homossexuais apoiando a greve dos mineiros em 1984 na Inglaterra, contando com as dificuldades da época, o preconceito e a onda conservadora. “Morango e Chocolate” é um filme cubano, que relata o preconceito aos homossexuais no país e a censura às artes e levanta uma discussão sobre a revolução e o que ela representa.
O encerramento do Acampamento acontece no domingo (28/1) com a plenária final.