SEGUNDA MARXISTA: O MARXISMO EM NOSSO TEMPO – O PENSAMENTO VIVO DE KARL MARX – FINAL

(imagem: novacultura.info)

Nessa edição da Segunda Marxista, publicamos a última parte do artigo “O Marxismo em nosso tempo”, escrito por Leon Trotsky. Nesse texto, publicado em 26 de fevereiro de 1939, Trotsky oferece aos leitores uma exposição sintética de diferentes conceitos da economia política, da filosofia e do socialismo, resgatando os pilares fundamentais da teoria marxista e expondo-os de maneira objetiva e esclarecedora. Boa leitura! 

PARTE 1

PARTE 2

O Fascismo e New Deal

Existem hoje no mundo dois sistemas que rivalizam para salvar o capital historicamente condenado à morte: o Fascismo e o New Deal (Novo Pacto). O fascismo baseia seu programa na demolição das organizações operárias, na destruição das reformas sociais e no completo aniquilamento dos direitos democráticos, com o objetivo de impedir o ressurgimento da luta de classes do proletariado. O Estado fascista legaliza oficialmente a degradação dos trabalhadores e a depauperação das classes médias em nome da “nação” e da “raça”, nomes presunçosos para designar o capitalismo em decadência.

A política do New Deal, que tenta salvar a democracia imperialista por meio de presentes para os trabalhadores e para a aristocracia rural, só é acessível em sua grande amplitude às nações verdadeiramente ricas, e nesse sentido é uma política norte-americana por excelência. O governo estadunidense tentou obter uma parte dos gastos dessa política dos bolsos dos monopolistas, exortando-os a aumentarem os salârios, a diminuir a jornada de trabalho, a aumentar o poder de compra da população e a ampliar a produção. Léon Blum tentou inutilmente trasladar esse sermão para a França. O capitalista francês, assim como o estadunidense, não produz por produzir, e sim para obter lucros. Está sempre disposto a limitar a produção, e até a destruir os produtos manufaturados, se em consequência disso aumentar sua parte na fortuna nacional.

O programa do New Deal mostra sua maior inconsistência no fato de que, enquanto predica sermões aos magnatas do capital sobre as vantagens da abundância sobre a escassez, o governo concede prêmios para reduzir a produção. É possível uma confusão maior? O governo refuta seus críticos com este desafio: podem fazer melhor? Tudo isso significa que na base do capitalismo já não existe nenhuma esperança.

Desde 1933, quer dizer, no curso dos últimos seis anos, o governo federal, os diversos estados e as municipalidades dos Estados Unidos entregaram aos desempregados cerca de 15 milhões de dólares como ajuda, quantia totalmente insuficiente por si mesma e que só representa uma pequena parte da perda de salários, mas, ao mesmo tempo, levando-se em conta a renda nacional em decadência, uma quantia colossal. Em 1938, que foi um ano de relativa reação econômica, a dívida nacional dos Estados Unidos aumentou em dois bilhões de dólares, e como já chegava a 38 bilhões de dólares, chegou a ser superior em 12 bilhões de dólares à maior dívida do final da guerra. Em 1939 passou muito rapidamente dos 40 bilhões de dólares. Que significa isso? A dívida nacional crescente é, obviamente, uma carga para a posteridade. Mas o próprio New Deal só era possível graças à tremenda riqueza acumulada pelas gerações passadas. Só uma nação muito rica pode levar a cabo uma política econômica tão extravagante. Mas nem mesmo essa nação pode continuar vivendo indefinidamente às custas das gerações anteriores. A política do New Deal, com seus êxitos fictícios e seu aumento real da dívida nacional, tem que culminar necessariamente numa feroz reação capitalista e numa explosão devastadora do capitalismo. Em outras palavras, caminha pelas mesmas vias da política do fascismo.

Anomalia ou Norma?

O secretário do interior dos Estados Unidos, Mr. Harold L. Ickes, considera “uma das mais estranhas anomalias de toda a história” que os Estados Unidos, democráticos na forma, sejam autocráticos na substância: “A América, terra da maioria, foi dirigida, pelo menos até 1933, pelos monopólios, que por sua vez são dirigidos por um pequeno número de acionistas”. A diagnose era correta, salvo pela insinuação de que, com a vinda de Roosevelt, cessou ou se debilitou o governo do monopólio. No entanto, o que Ickes chama “uma das mais estranhas anomalias da história” é na realidade a norma inquestionável do capitalismo. A dominação do fraco pelo forte, de muitos por poucos, dos trabalhadores pelos exploradores é uma lei básica da democracia burguesa. O que diferencia os Estados Unidos dos outros países é simplesmente o maior alcance e a maior perversidade das contradições de seu capitalismo. A carência de um passado feudal, a riqueza de recursos naturais, um povo enérgico e empreendedor, todos os pré-requisitos que anunciavam um desenvolvimento ininterrupto da democracia, trouxeram como consequência uma concentração fantástica da riqueza.

Com a promessa de empreender a luta contra os monopólios ate triunfar sobre eles, Ickes volta-se temerariamente para Thomas Jefferson, Andrew Jackson, Abraham Lincoln, Theodore Roosevelt e Woodrow Wilson, como predecessores de Franklin D. Roosevelt. “Praticamente todas as nossas maiores figuras históricas — disse em 30 de dezembro de 1937 — são famosas por sua luta persistente e alentada para impedir a superconcentração da riqueza e do poder em poucas mãos”. Mas de suas próprias palavras se deduz que o fruto dessa “luta persistente e alentada” é o domínio completo da democracia pela plutocracia.

Por alguma razão inexplicável, Ickes pensa que a vitória está assegurada na atualidade, contanto que o povo compreenda que a luta não é “entre o New Deal e a média dos homens de negócio cultos, mas entre o New Deal e os Bourbons das sessenta famílias que têm mantido o resto dos homens de negócios dos Estados Unidos sob o terror de seu domínio”. Este orador autorizado não nos explica como se arranjaram os “Bourbon” para subjugar todos os homens de negócio cultos, apesar da democracia e dos esforços das “maiores figuras históricas”. Os Rockefeller, os Morgan, os Mellon, os Vanderbilt, os Guggenheim, os Ford e companhia não invadiram os Estados Unidos de fora, como Cortés invadiu o México; nasceram organicamente do povo, ou mais precisamente da classe dos “industriais e homens de negócios cultos” e se transformaram, de acordo com o prognóstico de Marx, no apogeu natural do capitalismo. Se uma democracia jovem e forte no apogeu de sua vitalidade foi incapaz de conter a concentração da riqueza quando o processo se encontrava ainda em seu início, é impossível acreditar, por um minuto que seja, que uma democracia decadente seja capaz de debilitar os antagonismos de classe que chegaram a seu limite máximo. De qualquer modo, a experiência do New Deal não dá margem a semelhante otimismo. Ao refutar as acusações do grande comércio contra o governo, Robert H. Jackson, alto personagem dos círculos da administração, demonstrou com números que durante o governo de Roosevelt os lucros dos magnatas do capital atingiram alturas com as quais eles mesmos tinham deixado de sonhar durante o último período da presidência de Hoover, do que se deduz, em todo caso, que a luta de Roosevelt contra os monopólios não foi coroada com um êxito maior que a de todos os seus predecessores.

Trazer de Volta o Passado

Não se pode deixar de concordar com o professor Lewis W. Douglas, o primeiro diretor de Orçamentos da administração Roosevelt, quando condena o governo por “atacar o monopólio num campo enquanto fomenta o monopólio em muitos outros”. No entanto, não poderia ser de outro modo, dada a natureza da coisa. Segundo Marx, o governo é o comitê executivo da classe governante. Hoje, os monopolistas constituem a seção mais poderosa da classe governante. Nenhum governo tem condição de lutar contra o monopólio em geral, quer dizer, contra a classe em nome de quem governa. Enquanto ataca uma fase do monopólio, se vê obrigado a buscar aliado em outras frases do monopólio. Unido aos bancos e à indústria leve pode desferir golpes contra os trusts da indústria pesada, os quais, entre parênteses, não deixam, por isso, de auferir lucros fantásticos.

Lewis Douglas não contrapõe a ciência ao charlatanismo oficial, mas simplesmente a outro tipo de charlatanismo. Vê a fonte do monopólio não no capitalismo mas no protecionismo e, em função disso, descobre a salvação da sociedade não na abolição da propriedade privada dos meios de produção, mas no rebaixamento dos direitos alfandegários. “A menos que se restaure a liberdade dos mercados — prediz — é duvidoso que a liberdade de todas as instituições — empresas, discursos, educação, religião — possa sobreviver”. Em outras palavras, sem o restabelecimento da liberdade do comércio internacional, a democracia, em qualquer parte e qualquer extensão que tenha sobrevivido, deve ceder a uma ditadura revolucionária ou fascista. Mas a liberdade do comércio internacional é inconcebível sem a liberdade do comércio interno, quer dizer, sem a concorrência. E a liberdade da concorrência é inconcebível sob o domínio do monopólio. Desgraçadamente, Mr. Douglas, assim como Mr. Ickes, assim como Mr. Jackson, assim como Mr. Cummings, e assim como o próprio Roosevelt, não se deu ao trabalho de iniciar-nos em suas medidas contra o capitalismo monopolista e, consequentemente, contra uma revolução ou um regime totalitário.

A liberdade de comércio, assim como a liberdade de concorrência, assim como a prosperidade da classe média, pertencem ao passado irrevogável. Trazer de volta o passado é agora a única prescrição dos reformadores democráticos do capitalismo: trazer de volta mais “liberdade” para os industriais e homens de negócios, pequenos e médios, mudar a seu favor o sistema de crédito e de moeda, liberar o mercado do domínio dos trusts, eliminar os especuladores profissionais da Bolsa, restaurar a liberdade do comércio internacional, e assim por diante ad infinitum. Os reformadores sonham inclusive em limitar o uso das máquinas e decretar a proscrição da técnica, que perturba o equilíbrio social e causa muitas preocupações.

Os Cientistas e o Marxismo

Falando em defesa da ciência em 7 de dezembro de 1937, o doutor Robert A. Millikan, um dos principais físicos dos Estados Unidos, observou:

“As estatísticas dos Estados Unidos demonstram que a porcentagem da população vantajosamente empregada aumentou constantemente durante os últimos cinquenta anos, em que a ciência tem sido aplicada mais rapidamente”.

Esta defesa do capitalismo sob a aparência de defender a ciência não é exatamente feliz. Justamente durante a última metade do século é quando se “rompeu o elo dos tempos” e se alterou agudamente a relação entre a economia e a técnica. O período a que se refere Millikan inclui o início do declínio capitalista, assim como o auge da prosperidade capitalista. Ocultar o início desse declínio, que atinge o mundo inteiro, é proceder como um apologista do capitalismo. Rechaçando o socialismo de uma forma improvisada com a ajuda de argumentos que não seriam dignos nem do próprio Henry Ford, o doutor Millikan nos diz que nenhum sistema de distribuição pode satisfazer as necessidades do homem sem aumentar a esfera da produção. Sem dúvida! Mas é uma pena que o famoso físico não explique aos milhões de estadunidenses desempregados como haverão de participar no aumento da fortuna nacional. A prédica abstrata sobre a virtude salvadora da iniciativa individual e a alta produtividade do trabalho não poderá certamente proporcionar emprego aos desempregados, não cobrirá o déficit do orçamento, não tirará os negócios da nação do beco sem saída.

O que diferencia Marx é a universalidade de seu gênio, sua capacidade para compreender os fenômenos e os processos dos diversos campos em relação inerente. Sem ser um especialista em ciências naturais, foi um dos primeiros a reconhecer a importância das grandes descobertas nesse terreno: por exemplo, a teoria darwinista. Marx tinha certeza dessa preeminência não tanto em virtude de seu intelecto, mas em virtude de seu método. Os cientistas de mentalidade burguesa podem pensar que se acham acima do socialismo: no entanto, o caso de Robert Millikan é apenas um dos muitos que confirmam que, na esfera da sociologia, continuam existindo charlatães incorrigíveis.

As Possibilidades de Produção e a Propriedade Privada

Em sua mensagem ao Congresso no início de 1937, o presidente Roosevelt manifestou seu desejo de aumentar as rendas nacionais para 91 bilhões de dólares, sem indicar, no entanto, como. Por si mesmo, esse programa era excessivamente modesto. Em 1929, quando havia aproximadamente dois milhões de desempregados, a renda nacional chegou a 81 bilhões de dólares. Para pôr em movimento as atuais forças produtivas, não bastaria realizar o programa de Roosevelt, mas ele teria que ser consideravelmente superado. As máquinas, as matérias-primas, os trabalhadores, tudo é aproveitável, isso sem falar da necessidade que a população tem dos produtos. Se apesar disso o plano é irrealizável — e ele é irrealizável — a única razão é o conflito irreconciliável que se desenvolveu entre a propriedade capitalista e a necessidade da sociedade de aumentar a produção. O famoso Exame Nacional da Capacidade Produtiva Potencial, patrocinado pelo governo, chegou à conclusão de que o custo da produção e dos serviços utilizados em 1929 chegava a quase 94 bilhões de dólares, calculados sobre a base de preços no varejo. Não obstante, se fossem utilizadas todas as verdadeiras possibilidades produtivas, essa cifra ter-se-ia elevado para 135 bilhões de dólares, quer dizer, teria correspondido a 4.370 dólares anuais para cada família, o suficiente para assegurar uma vida decente e confortável. O Exame Nacional baseia-se na atual organização produtora dos Estados Unidos tal como chegou a ser em consequência da história anárquica do capitalismo. Se os próprios instrumentos de trabalho fossem reequipados com base em um plano socialista unificado, os cálculos sobre a produção poderiam ser consideravelmente superados e poder-se-ia assegurar a todo o povo um nível de vida alto e adequado, baseado numa jornada de trabalho extremamente curta.

Consequentemente, para salvar a sociedade não é necessário deter o desenvolvimento da técnica, fechar as fábricas, conceder prêmios aos agricultores para que sabotem a agricultura, depauperar um terço dos trabalhadores nem convocar os maníacos para fazerem as vezes de ditadores. Nenhuma destas medidas, que constituem um horrível engodo para os interesses da sociedade, é necessária. O que é indispensável e urgente é separar os meios de produção de seus atuais proprietários parasitas e organizar a sociedade de acordo com um plano racional. Então será realmente possível, pela primeira vez, curar a sociedade de seus males. Todos que sejam capazes de trabalhar devem achar um emprego. A jornada de trabalho deve diminuir gradualmente. As necessidades de todos os membros da sociedade devem ter assegurada uma satisfação crescente. As palavras “pobreza”, “crise”, “exploração”. devem ser tiradas de circulação. A humanidade poderá cruzar finalmente o umbral da verdadeira humanidade.

A Inevitabilidade do Socialismo

“Ao mesmo tempo que diminui constantemente o número dos magnatas do capital — diz Marx — crescem a massa da miséria, a opressão, a escravidão, a degradação, a exploração; mas com isso cresce também ‘a revolta da classe trabalhadora, classe que sempre aumenta em número, disciplinada, unida, organizada pelo próprio mecanismo do processo da produção capitalista /…/ A centralização dos meios de produção e a socialização do trabalho atingem finalmente um ponto em que se tornam incompatíveis com seu invólucro capitalista. Este invólucro se faz em pedaços. Soa a hora fatal da propriedade privada capitalista. Os expropriadores são expropriados”.

Esta é a revolução socialista. Para Marx, o problema de reconstituirá sociedade não surge de nenhuma prescrição motivada por suas predileções pessoais; é uma consequência — como uma necessidade histórica rigorosa — do potente amadurecimento das forças produtivas por um lado; da ulterior impossibilidade de fomentar essas forças à mercê da lei do valor, por outro lado.

As elucubrações de certos intelectuais, que prescindem da teoria de Marx, sobre o socialismo não ser inevitável mas unicamente possível, são desprovidas de qualquer conteúdo. Evidentemente, Marx não quis dizer que o socialismo viria sem a vontade e a ação do homem: tal ideia é simplesmente absurda. Marx previu que a socialização dos meios de produção seria a única solução para o colapso econômico — colapso este que temos diante de nossos olhos — no qual deve culminar, inevitavelmente, o desenvolvimento do capitalismo. As forças produtivas precisam de um novo organizador e um novo amo, e dado que a existência determina a consciência, Marx não teve dúvida de que a classe trabalhadora, à custa de erros e derrotas, chegaria a compreender a verdadeira situação e, mais cedo ou mais tarde, tiraria as conclusões práticas necessárias.

Que a socialização dos meios de produção cria dos pelos capitalistas representa uma tremenda vantagem econômica, pode se demonstrar hoje em dia não só teoricamente mas também com a experiência da União dos Sovietes, apesar das limitações desta experiência. É verdade que os reacionários capitalistas, não sem artificio, utilizam o regime de Stalin como um espantalho contra as ideias socialistas. Na realidade, Marx nunca disse que o socialismo pudesse ser alcançado num só pais e, além disso, num país atrasado. As contínuas privações das massas na União Soviética, a onipotência da casta privilegiada que se ergueu sobre a nação e sua miséria e, finalmente, a desenfreada lei do porrete dos burocratas, não são consequência do método econômico socialista, mas do isolamento e do atraso da Rússia Soviética cercada pelos países capitalistas. O admirável é que, nessas circunstâncias excepcionalmente desfavoráveis, a economia planificada tenha conseguido demonstrar suas insuperáveis vantagens.

Todos os salvadores do capitalismo, tanto os democratas quanto os fascistas, pretendem limitar, ou pelo menos dissimular, o poder dos magnatas do capital para impedir “a expropriação dos expropriadores”. Todos eles reconhecem, e muitos deles admitem abertamente, que o fracasso de suas tentativas reformistas deve levar inevitavelmente à revolução socialista. Todos eles encontraram uma maneira de não deixar evidente que seus métodos para salvar o capitalismo não passam de charlatanismo reacionário e inútil. O prognóstico de Marx sobre a inevitabilidade do socialismo confirma-se assim plenamente diante de uma prova negativa.

A Inevitabilidade da Revolução Socialista

O programa da “Tecnocracia”, que floresceu no período da grande crise de 1929-1932, fundou se na premissa correta de que a economia deve ser racionalizada unicamente por meio da união da técnica, conjugada à ciência, e do governo a serviço da sociedade, Tal união é possível sempre que a técnica e o governo se libertem da escravidão da propriedade privada, É aqui que começa a grande tarefa revolucionária, Para libertar a técnica do imbróglio dos interesses privados e pôr o governo a serviço da sociedade é preciso “expropriar os expropriadores”, Só uma classe poderosa, interessada em sua própria libertação e oposta aos expropriadores monopolistas é capaz de realizar essa tarefa. Somente unida a um governo proletário a classe qualificada dos técnicos poderá construir uma economia verdadeiramente científica e verdadeiramente nacional, quer dizer, uma economia socialista.

É claro que seria melhor alcançar esse objetivo de forma pacífica, gradual e democrática. Mas a ordem social que sobreviveu a si mesma não cede nunca seu lugar sem resistência a seu sucessor. Se, no seu tempo, a democracia jovem e forte demonstrou ser incapaz de impedir que a plutocracia se apoderasse da riqueza e do poder, é possível esperar que uma democracia senil e devastada se mostre capaz de transformar uma ordem social baseada no domínio desenfreado de sessenta famílias? A teoria e a história ensinam que uma sucessão de regimes sociais pressupõe a forma mais alta da luta de classes, quer dizer, a revolução. Nem mesmo a escravidão pôde ser abolida nos Estados Unidos sem uma guerra civil. “A força é a parteira de toda sociedade velha prenhe de uma nova”. Ninguém foi capaz até agora de refutar esse dogma básico de Marx na sociologia da sociedade de classes. Somente urna revolução socialista pode abrir caminho para o socialismo.

O Marxismo nos Estados Unidos

A república norte-americana foi mais longe que outros países na esfera da técnica e da organização da produção. Não só os estadunidenses, mas a humanidade inteira contribuiu para isso. No entanto, as diversas fases do processo social numa e mesma nação têm ritmos diferentes que dependem de condições hist6ricas especiais. Enquanto os Estados Unidos gozam de uma tremenda superioridade tecno16gica, seu pensamento econômico se encontra extremamente atrasado tanto à direita como à esquerda. John L. Lewis tem quase as mesmas opiniões que Franklin D. Roosevelt. Se levarmos em conta a natureza de sua missão, a função social de Lewis é incomparavelmente mais conservadora, para não dizer reacionária, que a de Roosevelt. Em certos círculos estadunidenses existe uma tendência a repudiar esta ou aquela teoria radical sem o menor indício de crítica científica, com a simples afirmação de que é “antiamericana”. Mas onde se pode encontrar o critério diferenciador? O cristianismo foi importado pelos Estados Unidos juntamente com os logaritmos, a poesia de Shakespeare, as noções de direitos humanos e do cidadão e outros produtos não menos importantes do pensamento humano. O marxismo se encontra hoje na mesma categoria.

O secretário da Agricultura estadunidense, Henry A. Wallace, imputou ao autor destas linhas “…uma estreiteza dogmática asperamente antiamericana” e contrapôs ao dogmatismo russo o espírito oportunista de Jefferson, que sabia como se ajeitar com seus opositores. Ao que parece, nunca ocorreu a Mr. Wallace que uma política de compromissos não é uma função de algum espírito nacional imaterial, e sim um produto das condições materiais. Uma nação que se fez rica rapidamente tem reservas suficientes para conciliar as classes e os partidos hostis. Quando, por outro lado, se agudizam as contradições sociais, desaparece o terreno para os compromissos. A América só estava livre de “estreiteza dogmática” porque tinha uma pletora de áreas virgens, fontes de riqueza natural inesgotáveis e, de acordo com o que se pode ver, oportunidades ilimitadas para enriquecer. A verdade é que, apesar dessas condições, o espírito de compromisso não prevaleceu na Guerra Civil quando soou a hora para ele. De qualquer modo, as condições materiais que constituem a base do “americanismo” estão hoje em dia cada vez mais relegadas ao passado. Daqui deriva a crise profunda da ideologia americana tradicional.

O pensamento empírico, limitado à solução das tarefas imediatas de tempo em tempo, parecia bastante adequado tanto nos círculos operários como nos burgueses, enquanto a lei do valor de Marx era o pensamento de todos. Mas hoje em dia essa lei produz efeitos opostos. Ao invés de impulsionar a economia, socava seus fundamentos. O pensamento eclético conciliatório, que mantém uma atitude desfavorável ou desdenhosa com respeito ao marxismo como um “dogma”, e seu apogeu filosófico, o pragmatismo, mostra-se completamente inadequado, cada vez mais insubstancial, reacionário e completamente ridículo.

Ao contrário, são as ideias tradicionais do “americanismo” que perderam sua vitalidade e se converteram num “dogma petrificado”, sem dar lugar a outra coisa senão a erros e confusões.

Ao mesmo tempo, a doutrina econômica de Marx adquiriu uma viabilidade peculiar, especialmente no que diz respeito aos Estados Unidos, embora O Capital se apoie num material internacional, preponderantemente inglês em seus fundamentos teóricos, numa análise do capitalismo puro, do capitalismo em geral, do capitalismo como tal. Indubitavelmente, o capitalismo que se desenvolveu nas terras virgens já históricas da América é o que mais se aproxima desse tipo ideal de capitalismo.

A não ser pela presença de Wallace, a América se desenvolveu economicamente não de acordo com os princípios de Jefferson, e sim de acordo com as leis de Marx. Ao se reconhecer isso se ofende tão pouco o amor-próprio nacional tanto como ao reconhecer que a América gira em torno do sol segundo as leis de Copérnico. O Capital oferece uma diagnose exata da doença e um prognóstico insubstituível. Neste sentido, a teoria de Marx está muito mais impregnada do novo “americanismo” que as ideias de Hoover e Roosevelt, de Green e de Lewis.

É verdade que existe uma literatura original muito difundida nos Estados Unidos, consagrada à crise da economia americana. Quando esses economistas conscienciosos oferecem uma descrição objetiva das tendências destrutivas do capitalismo estadunidense, suas pesquisas, prescindindo das suas premissas teóricas, parecem ilustrações diretas da teoria de Marx. No entanto, a tradição conservadora fica evidente quando esses autores se empenham obstinadamente em não tirar conclusões precisas, limitando-se a tristes predições ou a vulgaridades tão edificantes como “o país deve compreender”, “a opinião pública deve considerar seriamente” etc. Esses livros assemelham-se a uma faca sem gume.

É certo que no passado houve marxistas nos Estados Unidos, mas era um estranho tipo de marxistas, ou melhor, três tipos estranhos de marxistas. Em primeiro lugar, encontrava-se a casta de emigrados europeus, que fizeram tudo o que puderam, mas não encontraram resposta; em segundo lugar, os grupos de estadunidenses isolados, como os Leonistas, que no curso dos acontecimentos e em consequência de seus próprios erros, converteram-se em seitas; em terceiro lugar, os aficionados atraídos pela Revolução de Outubro e que simpatizavam com o marxismo como uma teoria exótica que tinha muito pouco a ver com os Estados Unidos. Seu tempo jâ passou. Agora, amanhece a nova época de um movimento de classe independente a cargo do proletariado e ao mesmo tempo de um marxismo verdadeiro. Nisso também, os Estados Unidos, em pouco tempo, alcançarão a Europa e a deixarão para trás. A técnica progressista e a estrutura social progressista preparam o caminho na esfera doutrinária.

Os melhores teóricos do marxismo aparecerão em solo americano. Marx será o mentor dos trabalhadores estadunidenses avançados. Para eles esta exposição abreviada do primeiro volume constituirá apenas o primeiro passo para o Marx completo.

O Modelo Ideal do Capitalismo

Na época em que foi publicado o primeiro volume de O Capital, a dominação mundial da burguesia britânica ainda não tinha rival. As leis abstratas da mercadoria e da economia encontraram, naturalmente, sua completa encarnação — quer dizer, a menor dependência das influências do passado — no país em que o capitalismo tinha atingido seu maior desenvolvimento. Ao basear sua análise principalmente na Inglaterra, Marx tinha em vista não somente a Inglaterra, mas todo o mundo capitalista. Usou a Inglaterra de sua época como o melhor modelo contemporâneo do capitalismo.

Agora só restou a lembrança da hegemonia britânica. As vantagens da primogenitura capitalista transformaram-se em desvantagens. A estrutura técnica e econômica da Inglaterra desgastou-se. O país continua dependendo, em sua posição mundial, mais do Império colonial, herança do passado, do que de um potencial econômico ativo. Isto explica incidentalmente a caridade cristã de Chamberlain com respeito ao gangsterismo internacional dos fascistas, que tanto surpreendeu o mundo inteiro. A burguesia inglesa não pode deixar de reconhecer que sua decadência econômica se tomou totalmente incompatível com sua posição no mundo e que uma nova guerra ameaça derrubar o Império Britânico. Similar é, na sua essência, a base econômica do “pacifismo” francês.

A Alemanha, pelo contrário, utilizou, na sua rápida ascensão capitalista, as vantagens do atraso histórico, armando-se a si mesma com a técnica mais completa da Europa. Tendo uma base nacional estreita e recursos naturais insuficientes, o capitalismo dinâmico da Alemanha, surgido da necessidade, transformou-se no fator mais explosivo do chamado equilíbrio das potências mundiais. A ideologia epilética de Hitler nada mais é que uma imagem refletida da epilepsia do capitalismo alemão.

Além das numerosas e inestimáveis vantagens de caráter histórico, o desenvolvimento dos Estados Unidos gozou da preeminência de um território imensamente grande e de uma riqueza natural incomparavelmente maior que os da Alemanha. Tendo suplantado consideravelmente a Grã-Bretanha, a república norte-americana chegou a ser, no início deste século, a praça forte da burguesia mundial. Todas as potencialidades do capitalismo encontraram nesse país sua mais alta expressão. Em nenhum lugar do nosso planeta a burguesia pôde realizar empreendimentos superiores aos da República do Dólar, que se transformou, no século XX, no modelo mais perfeito do capitalismo. Pelas mesmas razões que levaram Marx a basear sua exposição nas estatísticas inglesas, nos informes parlamentares ingleses, nos registros diplomáticos ingleses etc., nós recorremos, em nossa modesta introdução, à experiência econômica e política dos Estados Unidos. É desnecessário dizer que não seria difícil citar fatos e cifras análogos, tomando-os da vida de qualquer outro país capitalista. Mas isso não acrescentaria nada de essencial. As conclusões continuariam sendo as mesmas e os exemplos seriam apenas menos surpreendentes.

A política econômica da Frente Popular na França era, como assinalou perspicazmente um de seus financiadores, uma adaptação do New Deal “para liliputianos”. É perfeitamente evidente que numa análise teórica é muito mais conveniente tratar com grandezas ciclópicas do que com grandezas liliputianas. A própria imensidão do experimento de Roosevelt nos demonstra que só um milagre pode salvar o sistema capitalista mundial. Mas acontece que o desenvolvimento da produção capitalista acabou com a produção de milagres. Abundam os encantamentos e as deprecações, mas não se produzem os milagres. No entanto, é evidente que, se se pudesse produzir o milagre do rejuvenescimento do capitalismo, esse milagre só poderia se produzir nos Estados Unidos. Mas esse rejuvenescimento não se realizou. O que os ciclopes não podem conseguir, menos ainda o podem conseguir os liliputianos. Assentar os fundamentos desta simples conclusão é o objetivo de nossa excursão pelo campo da economia norte-americana.

As Metrópoles e as Colônias

“O país mais desenvolvido industrialmente — escreveu Marx no prefácio da primeira edição de seu Capital — não faz mais que mostrar em si ao de menor desenvolvimento a imagem de seu próprio futuro”.

Este pensamento não pode ser entendido literalmente em hipótese alguma. O crescimento das forças produtivas e o aprofundamento das inconsistências sociais são indubitavelmente o lote que corresponde a todos os países que tomaram o caminho da evolução burguesa.

No entanto, a desproporção nos “tempos” e medidas, que sempre se dá na evolução da humanidade, não somente se faz especialmente aguda sob o capitalismo, como também dá origem à completa interdependência da subordinação, da exploração e da opressão entre os países de tipo econômico diferente.

Somente uma minoria de países realizou completamente essa evolução sistemática e lógica da mão-de-obra, passando pela manufatura doméstica, até a fábrica, que Marx submeteu a uma análise tão detalhada. O capital comercial, industrial e financeiro invadiu de fora os países atrasados, destruindo, em parte, as formas primitivas da economia nativa e, em parte, sujeitando-os ao sistema industrial e bancário do Oeste. Sob o açoite do imperialismo, as colônias e semicolônias se viram obrigadas a prescindir das etapas intermediárias, apoiando-se ao mesmo tempo artificialmente num nível ou no outro. O desenvolvimento da Índia não duplicou o desenvolvimento da Inglaterra; não foi para ela senão um suplemento. No entanto, para poder compreender o tipo combinado de desenvolvimento dos países atrasados e dependentes como a Índia é preciso esquecer o esquema clássico de Marx, derivado do desenvolvimento da Inglaterra. A teoria operária do valor guia igualmente os cálculos dos especuladores da City de Londres e as transações monetárias nos rincões mais remotos de Haidebarad, com a diferença que no último caso adquire formas mais simples e menos astutas.

A desproporção no desenvolvimento trouxe consigo tremendos lucros para os países avançados que, embora em graus diversos, continuaram se desenvolvendo às custas dos atrasados, explorando-os, transformando-os em colônias ou, pelo menos, tornando impossível para eles figurar entre a aristocracia capitalista. As fortunas da Espanha, da Holanda, da Inglaterra, da França foram obtidas, não somente com o trabalho excedente de seu proletariado, não somente destroçando sua pequena burguesia, mas também com a pilhagem sistemática de suas possessões de ultramar. A exploração de classes foi complementada e sua potencialidade aumentada com a exploração das nações.

A burguesia das metrópoles se viu em situação de assegurar uma posição privilegiada para seu próprio proletariado, especialmente para as camadas superiores, mediante o pagamento com lucros excedentes obtidos nas colônias. Sem isso, teria sido completamente impossível qualquer tipo de regime democrático estável. Em sua manifestação mais desenvolvida a democracia burguesa foi, e continua sendo, uma forma de governo unicamente acessível às nações mais aristocráticas e mais exploradoras. A antiga democracia baseava se na escravidão; a democracia imperialista baseia-se na exploração. das colônias.

Os Estados Unidos, que na forma quase não têm colônias, são, no entanto, a nação mais privilegiada da história. Os ativos imigrantes chegados da Europa tomaram posse de um continente excessivamente rico, exterminaram a população nativa, ficaram com a melhor parte do México e embolsaram a parte do leão da riqueza mundial. Os depósitos de gordura que acumularam então continua lhes sendo útil ainda na época da decadência, pois lhes serve para azeitar as engrenagens e as rodas da democracia.

Tanto a recente experiência histórica quanto a análise teórica testemunham que a velocidade do desenvolvimento de uma democracia e sua estabilidade estão na proporção inversa da tensão das contradições de classe. Nos países capitalistas menos privilegiados (Rússia, por um lado, Alemanha, Itália etc., por outro) incapazes de engendrar uma aristocracia do trabalho numerosa e estável, a democracia nunca se desenvolveu em toda sua extensão e sucumbiu à ditadura com relativa facilidade. Não obstante, a contínua paralisia progressiva do capitalismo prepara a própria sorte das democracias privilegiadas e mais ricas. A única diferença está na data. A incofitida deterioração nas condições de vida dos trabalhadores torna cada vez menos possível para a burguesia conceder às massas o direito de participar na vida política, mesmo dentro do limitado quadro do parlamentarismo burguês. Qualquer outra explicação do processo manifesto do desalojamento da democracia pelo fascismo é uma falsificação idealista das coisas tais como elas são, quer seja engano ou auto-engano.

Enquanto destrói a democracia nas velhas metrópoles do capital, o imperialismo impede ao mesmo tempo a ascensão da democracia nos países atrasados. O fato de que na nova época nem uma única das colônias ou semicolônias tenha realizado uma revolução democrática — principalmente no campo das relações agrárias — deve-se inteiramente ao imperialismo, que se converteu no principal obstáculo para o progresso econômico e político. Espoliando a riqueza natural dos países atrasados e restringindo deliberadamente seu desenvolvimento industrial independente, os magnatas monopolistas e seus governos concedem simultaneamente seu apoio financeiro, político e militar aos grupos semifeudais mais reacionários e parasitas de exploradores nativos. A barbárie agrária artificialmente conservada é, hoje em dia, a praga mais sinistra da economia mundial contemporânea. A luta dos povos coloniais por sua libertação, passando por cima das etapas intermediárias, transforma-se na necessidade da luta contra o imperialismo e, desse modo, está em consonância com a luta do proletariado nas metrópoles. Os levantes e as guerras coloniais, por sua vez, fazem tremer, mais que nunca, as bases fundamentais do mundo capitalista e tornam menos possível que nunca o milagre de sua regeneração.

A Economia Mundial Planificada

O capitalismo tem o duplo mérito histórico de ter elevado a técnica a um alto nível e de ter ligado todas as partes do mundo com os laços econômicos. Desse modo, forneceu os pré-requisitos materiais para a utilização sistemática de todos os recursos de nosso planeta. No entanto, o capitalismo não tem condição de cumprir essa tarefa urgente. O núcleo de sua expansão continua sendo os estados nacionais circunscritos com suas aduanas e seus exércitos. Não obstante, as forças produtivas superaram faz tempo os limites do estado nacional, transformando consequentemente o que era antes um fator histórico progressista numa restrição insuportável. As guerras imperialistas não são mais que explosões das forças produtoras contra os limites estatais, que se tornaram limitados demais para elas. O programa da chamada autarquia não tem nada que ver com a marcha à ré de uma economia autossuficiente e circunscrita. Significa apenas que a base nacional se prepara para uma nova guerra.

Depois de assinado o tratado de Versailles acreditou-se, de forma geral, que se tinha dividido bem o globo terrestre. Mas os acontecimentos mais recentes serviram para lembrar-nos que nosso planeta continua contendo terras que ainda não foram exploradas ou, pelo menos, suficientemente exploradas. A luta pelas colônias continua sendo uma parte da política do capitalismo imperialista. Por mais que o mundo seja dividido, o processo nunca termina, mas coloca uma e outra vez na ordem do dia a questão da nova divisão do mundo, de acordo com as novas relações entre as forças imperialistas. Tal é, hoje em dia, a verdadeira razão dos rearmamentos, das convulsões diplomáticas e da guerra.

Todas as tentativas de apresentar a guerra atual como um choque entre as ideias de democracia e de fascismo pertencem ao reino do charlatanismo e da estupidez. As formas políticas mudam; mas subsistem os apetites capitalistas. Se de cada lado do Canal da Mancha se estabelecesse amanhã um regime fascista — e mal poderia alguém atrever-se a negar essa possibilidade —, os ditadores de Paris e Londres seriam tão incapazes de renunciar a suas possessões coloniais como Mussolini e Hitler de renunciar a suas reivindicações a esse respeito. A luta furiosa e desesperada por uma nova divisão do mundo é uma consequência irresistível da crise mortal do sistema capitalista.

As reformas parciais e os remendos de nada servirão. A evolução histórica chegou a uma de suas etapas decisivas, na qual somente a intervenção direta das massas é capaz de varrer os obstáculos reacionários e de assentar as bases de um novo regime. A abolição da propriedade privada dos meios de produção é o principal pré-requisito para a economia planificada, quer dizer, para a introdução da razão na esfera das relações humanas, primeiro numa escala nacional e, finalmente, numa escala mundial. Uma vez iniciada, a revolução socialista se estenderá de país em país com uma força imensamente maior daquela com que se estende hoje em dia o fascismo. Com o exemplo e a ajuda das nações adiantadas, as nações atrasadas também serão arrastadas pela corrente do socialismo. Cairão as barreiras alfandegárias completamente carcomidas. As contradições que despedaçam a Europa e o mundo inteiro encontrarão sua solução natural e pacífica no marco dos Estados Unidos Socialistas da Europa, assim como de outras partes do mundo. A humanidade libertada chegará a seu mais alto cume.

PUBLICADO EM MARXISTS.ORG

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