Segundo dia do acampa regional Joinville

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A primeira edição regional do Acampamento Revolucionário da Liberdade e Luta (LL), que aconteceu na Cabana Max Moppi, em Joinville, teve o segundo dia (9/9) dedicado às formações: “Reformas e nossa luta por um Governo dos Trabalhadores e Educação Pública e Gratuita Para Todos!” e “O mundo é meu país! A luta contra o capitalismo é internacional”.

Acordados pela comissão da alvorada na manhã de sábado, os jovens tomaram café e se prepararam para a primeira atividade do dia, que discutiu sobre as reformas que retiram direitos históricos dos trabalhadores e da juventude, e sobre a importância de se construir algo novo. A formação, que se iniciou às 10 horas, contou com o informe da professora da escola Paulo Medeiros e apoiadora da LL, Jamile Azevedo, e do advogado do Sinsej e militante da Esquerda Marxista, Tiago de Carvalho.

Jamile falou sobre o real significado da reforma do ensino, do governo Temer, e porque ela é tão nociva à juventude. O aumento de três para até sete anos no tempo de conclusão do ensino médio; a obrigatoriedade apenas para as matérias de Português, Matemática e Inglês; a liberação para professores lecionarem apenas com o “notório saber”, ou seja, não havendo mais a necessidade de formação superior; a abertura para a iniciativa privada e, a longo prazo, o fim do ensino médio público no país. “O aumento de instituições privadas de ensino superior é um exemplo do que está prestes a acontecer com o ensino médio”, explicou a professora. O objetivo do governo com essa reforma é a destruição da educação pública, para que o filho do trabalhador não tenha mais acesso à educação e assim, passe a trabalhar por menos. 

tijamileA segunda parte do informe, feita por Tiago, abordou um contexto mais amplo dos problemas enfrentados pelos trabalhadores e a juventude em todo o mundo. Ele enfatizou que ser radical é compreender e atingir a raiz de todos os problemas, que é o sistema capitalista. “Não faz sentido um sistema onde há muita comida, bebida e moradia e, ao mesmo tempo, há também muita gente morrendo de fome, sede e sem lugar para morar”, destacou. A contradição do capitalismo é gigante, e é por isso que ele vive em crises cíclicas. Enquanto 1% da população mundial detém de 99% da riqueza de toda a humanidade, 99% das pessoas precisam sobreviver com apenas 1%. Ao fim, ele enfatizou que somente a organização e a unidade da classe trabalhadora e da juventude serão capazes de revolucionar e construir um mundo novo, livre de toda opressão do homem pelo homem.

Depois do informe, vários jovens se inscreveram e falaram um pouco das suas experiências. Entre os assuntos abordados estava o grave problema de fechamento de escolas em Santa Catarina e a tentativa de calar professores e estudantes, com o projeto Escola Sem Partido (Lei da Mordaça), que agora tramita também na Câmara Legislativa.

Encerrada a atividade, os jovens almoçaram e durante à tarde participaram das oficinas de faixas e de agitação. Entre as faixas pintadas, estavam: “Tirem as mãos da Venezuela”, “Abaixo a Repressão”, “Vivo o levaram, vivo o queremos” (sobre o caso do militante Santiago, desaparecido em ocupação indígena na Argentina, após ação policial), e “Educação Pública e Gratuita Para Todos”. A oficina de agitação preparou e ensaiou músicas de luta, algumas já conhecidas e outras inéditas.

Após o café da tarde, iniciou a última formação do dia, com informes do advogado e da jornalista do Sinsej, Felippe Veiga e Aline Seitenfus, ambos militantes da Esquerda Marxista. Felippe Veiga começou seu informe explicando que o capitalismo vive em crises há mais de 40 anos, e que os imperialistas não sabem como resolvê-las. Além disso, ele destacou também que hoje há uma crescente falta de credibilidade da classe trabalhadora e da juventude nas instituições burguesas, e que isso pode ser analisado conforme os resultados das últimas eleições em todo o mundo. “Um exemplo disso é a eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos. Apesar dele ter sido eleito, 47% da população nem sequer optou por ir votar”, lembrou. “Enquanto isso, outro candidato que, apesar de ter se aliado com Hillary Clinton ao final da campanha, teve um bom apoio da população, dos jovens principalmente, no seu programa, onde ele levantava pautas mais ‘socialistas’. É o caso de Bernie Sanders”, destacou Veiga.

Ao final do informe, ele apresentou alguns dados que só mostram o quanto esse sistema precisa deixar de existir: há hoje, apenas no Brasil, cerca de 15 milhões de desempregados. Esse número aumenta para 184 milhões se for contar em todo o mundo. Há também 50 guerras localizadas, espalhando a miséria à população enquanto traz lucro para os imperialistas e, com isso, cerca de 65 milhões de refugiados. “Somente a resistência dos trabalhadores tem o poder de mudar essa realidade”, finalizou.

veigaalineAline explicou que as fronteiras que existem hoje servem justamente para manter o sistema. “Enquanto Bolsonaro e demais reacionários dizem ‘não podemos abrir os portões para todo mundo’, o que defendemos é totalmente o contrário, pois o mundo é o nosso país”. Ela também destacou que, com o aumento da repressão, é possível ver o aumento da resistência da classe trabalhadora e da juventude, que passa a se organizar em todo o mundo para mudá-lo, pois percebe que o problema é muito mais amplo. Ela trouxe diversos exemplos de resistência ao redor do planeta, entre eles o caso dos trabalhadores da Venezuela, que resistem à contrarrevolução, e das manifestações contra as reformas de Temer. “É preciso aprender a construir um mundo sem fronteiras, nossa única divisão hoje é por classes”, disse Aline.

À noite, após o jantar, os participantes do acampamento prestigiaram a banda Beijo de Puta, e depois confraternizaram ao redor de uma grande fogueira, trocando experiências, se divertindo, e com um crescente desejo de mudar esse sistema, para que a juventude possa viver a vida plenamente, sem nenhuma forma de opressão.

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