A execução de Marielle reacendeu a luta das massas

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Entre a tristeza quanto à morte da companheira de lutas Marielle, brotou o sentimento de classe em todo o mundo de que é preciso uma resposta. No centro da questão está o fato de que Marielle não teve medo de usar a tribuna da câmara de vereadores e suas redes sociais para fazer denúncias contra o aparelho repressor do Estado burguês. Ela sabia por experiência própria do que ele é capaz nos bairros pobres e proletários da cidade. 

A vereadora trazia também em sua militância diária a indignação de muitos outros massacrados diariamente pela repressão e pela falta de condições básicas gerais de vida da maioria, que degeneram no contexto da crise social de todo o sistema capitalista. Sua indignação não era só contra a violência física, mas contra a violência estrutural, especialmente a falta de saúde, educação, moradia, saneamento, transporte, etc. Sua luta conseguia unir os oprimidos, que passaram a ver nela uma esperança de representação no Estado burguês. 

Contudo, ao denunciar a intervenção federal por meios militares realizada no Rio de Janeiro e as incursões assassinas da Polícia Militar, Marielle se deparou com uma parte do aparelho repressivo do Estado que decidiu agir por contra própria, contra os interesses de estabilidade social da burguesia: foram lá e eliminaram fisicamente quem incomodava, mandando também o recado para quem ousar fazer o mesmo. 

Mas a reação do povo não foi amedrontada, foi corajosa e cheia de energia, dando uma demonstração do que serão as lutas futuras, sem um milímetro de recuo. No dia 15 de março, um dia após o assassinato, milhares de pessoas velaram o corpo da vereadora e de seu motorista, Anderson, na Cinelândia. Com medo de uma atuação violenta das tropas e de uma reação emocional das massas, o comando da Polícia Militar decidiu não enviar policiais para o ato. Queriam evitar manifestações maiores e uma insurreição popular nos próximos dias e semanas. 

Uma enorme disposição de milhares de jovens, estudantes e trabalhadores se apresentou naquele momento, tanto na Cinelândia quanto na Assembleia Legislativa (ALERJ). Os manifestantes faziam perguntas àquelas pessoas que pareciam ser lideranças, pediam adesivos, compravam jornais, buscavam panfletos, seja qual fosse o assunto deles, bastava que estivessem sendo entregues ou vendidos.  

A vanguarda que esteve presente no ato queria saber para onde ir, o que fazer, qual era o próximo passo e se o próximo protesto estava marcado. Reivindicava uma liderança decidida do que fazer. Mas essa atitude não era a de subserviência, pelo contrário: os jovens queriam chamar mais gente, saber quando teriam outros protestos, reuniões, convencer mais pessoas da importância da luta da Marielle e da necessidade de sua continuidade.  

O sentimento geral era o de total desconfiança nas instituições vigentes e o de que a espada da justiça burguesa não satisfaria a indignação, afinal, o próprio Estado teve responsabilidade direta na execução de Marielle.  

Foi reacendido o debate sobre qual a democracia que queremos. Mas a democracia que pode satisfazer a revolta com a morte de Marielle não é a democracia dentro de reformas democráticas parlamentares, que inevitavelmente serão sufocadas pelas mesmas instituições decadentes da burguesia que mataram nossa companheira de lutas, mas sim a democracia que se inicia com a mobilização revolucionária da juventude e termina com a derrubada organizada do sistema capitalista. É nosso papel! 

– Apuração independente e punição dos culpados! 

– Pelo fim da Polícia Militar! 

– Fim da Intervenção no Rio de Janeiro!  

– Fora Temer e o Congresso Nacional! 

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