A irreverência da insatisfação e o “Fora Temer” continuam no Carnaval 2018

temervamp

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Em 2017, o maior bloco carnavalesco no Brasil foi o do “Fora Temer”, as pessoas se fantasiaram, levaram placas e críticas às ruas junto com a celebração da festa popular.

O governo Temer (PMDB), após o impeachment, aprovou junto ao Congresso Nacional, a PEC que congela por 20 anos os gastos públicos em áreas primordiais como saúde e educação. Também tivemos a Reforma do Ensino Médio que abriu mais uma porta larga para a privatização da educação, fechamento de salas de aula e escolas, afastamento da juventude trabalhadora da escola e desvalorização dos professores. Em 2017 vimos o fechamento de centenas de agências da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil como resultado do sucateamento dos bancos públicos. A Reforma Trabalhista foi a cereja podre que coroou o bolo de maldades de Temer, do Congresso e da burguesia contra a classe trabalhadora em 2017.

Todos esses ataques não foram aceitos de forma pacífica pelos trabalhadores. Estão enganadas ou mal intencionadas as direções que dizem que o povo está dormindo enquanto é mutilado pelo governo. Basta verificar que em 2016 houve um número recorde de greves. Na chamada greve geral do dia 28 de abril, vimos diversas cidades literalmente paradas, sem transporte, fábricas ou comércio funcionando. Mesmo com a chamada confusa da direção da CUT, incentivando os trabalhadores a ficarem em casa no dia, as pessoas tomaram as ruas, aos milhares, por todos os lados do país e fizeram história. As massas superaram suas direções e foram protestar nas ruas. A cada ataque, a classe trabalhadora se mostra pronta para a luta, mas esse processo precisa ser organizado por uma direção que vise uma solução revolucionária e não acordos com os que nos golpeiam.

Mais uma parte da resposta popular a tudo que estamos vivendo está acontecendo no Carnaval deste ano. Um ano passou e os blocos do “Fora Temer” continuam se destacando nas ruas do país. Em um desfile célebre, a escola Paraíso do Tuiuti levou a Sapucaí o enredo “Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?”, sobre os 130 anos da Lei Áurea. A crítica da escola de samba viajou no tempo e chegou aos novos modelos de escravidão. O último carro trouxe em destaque o “Vampiro Neoliberalista”, em clara referência a Michel Temer e também o bloco dos “Guerreiros da CLT”, estampando carteiras de trabalho deterioradas após a Reforma Trabalhista.

Enquanto a escola se destacava e deixava constrangida a transmissão da Rede Globo, o aeroporto de Santos Dumont, no Rio, foi ocupado por foliões de um bloco carnavalesco. Ao adentrar no aeroporto gritaram em uníssono “Fora Temer”. Em bloquinhos pelo Brasil todo, essa palavra de ordem esteve presente, algumas vezes em forma de adereços e gritos de insatisfação.

A última pesquisa de popularidade do governo Temer indicou que 77% dos brasileiros o avaliam como ruim ou péssimo, segundo pesquisa CNI-IBOPE de setembro de 2017. Apesar desse grau elevado de reprovação e dos protestos vistos por todos os cantos, os líderes da dita esquerda estão mais preocupados com o 2018 eleitoral e só apontam uma saída nesse sentido: Lula 2018. O PT desliza a cada dia com acordos com partidos que apoiaram a queda de Dilma, Lula diz que “perdoa os golpistas” e já adianta que não vai mexer nas reformas que já foram aprovadas. Mais do mesmo, as mesmas traições. Lula e o PT erram ao esquecer que eles desacreditaram grande parte da classe trabalhadora e que essas pessoas expressaram esse abandono através dos votos nulos e brancos das últimas eleições.

O PSOL continua a reboque de Boulos, que está por sua vez a reboque de Lula, e resolve a questão da candidatura do partido no primeiro trimestre de 2018, a ser tomada por uma Conferência Eleitoral. Para que o PSOL se transforme em uma verdadeira alternativa para a classe trabalhadora que foge de Temer e nega os vícios do petismo, é preciso adotar uma plataforma política que diga claramente que só com o rompimento total com o capitalismo teremos uma vida satisfatória. Dessa forma, apoiamos a pré-candidatura de Nildo Ouriques, por ser baseada em um programa classista que deixa clara a solução: revolução.

Rodrigo Maia já esquentou, guardou e está para colocar novamente para ferver no Congresso Nacional o texto da Reforma da Previdência. Após o recesso de Carnaval as expectativas são grandes, tanto dos que querem a aprovação quanto dos que vão lutar para preservar seu direito à aposentadoria – o próximo dia de mobilização está sendo chamado pelas centrais sindicais para essa segunda-feira, 19 de fevereiro. Teremos muitas lutas neste ano e o bloco do “Fora Temer” em alta no carnaval foi um aviso de que as ruas estão cheias de disposição.

olindacarna

 

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