A juventude que está ultrapassando a neutralidade política

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ImagemJá estamos em 2017. Mas junho de 2013 foi um marco nos debates sobre qual envolvimento com a política um jovem deve ter. Quando falo jovem, digo de maneira geral, não só o jovem revolucionário já decidido em derrubar o sistema e criar novas bases sociais. Hoje com o movimento de ocupações de escolas, os protestos contra a austeridade, a luta contra a PEC 55, os protestos universitários que se espalham, entre muitas outras lutas que a juventude se envolve, a ideia que tínhamos de política mudou. De indivíduos cada vez mais somos chamados a nos apresentarmos como coletivos.

ImagemJá estamos em 2017. Mas junho de 2013 foi um marco nos debates sobre qual envolvimento com a política um jovem deve ter. Quando falo jovem, digo de maneira geral, não só o jovem revolucionário já decidido em derrubar o sistema e criar novas bases sociais. Hoje com o movimento de ocupações de escolas, os protestos contra a austeridade, a luta contra a PEC 55, os protestos universitários que se espalham, entre muitas outras lutas que a juventude se envolve, a ideia que tínhamos de política mudou. De indivíduos cada vez mais somos chamados a nos apresentarmos como coletivos.

Com os diversos gritos de “fora partidos”, justos e compreensíveis diante da podridão dos partidos que agem a serviço da classe dominante, o central nas reivindicações da juventude era expulsar qualquer grupo organizado que se reivindicasse partidário de alguma causa mais ampla.

O que movimentos isolados de protestos queriam era que a única organização existente fosse a imediata, que surgisse espontaneamente. Então se em minha escola ou universidade houvesse abusos da direção, a organização para lutar contra esses abusos deveria vir dos alunos da universidade e para aquela causa imediata. Após a resolução ou não do conflito essa organização criada para o combate contra uma injustiça desapareceria. Doce ilusão de que essa tática poderia dar certo diante de gente tão poderosa…

Com o passar dos anos os jovens viram que a tática da luta espontânea é uma tática fadada ao fracasso. As direções, patrões e oportunistas, muito mais experientes na forma institucional do fazer política, desarmavam a juventude com muita facilidade. Isso quando não conseguiam recrutar, a partir da oferta de vantagens pessoais, o jovem rebelde para o lado do antigo inimigo.

Uma confusão tomou o movimento. Se somos contra o sistema partidário atual, se somos contra a política, seja ela institucional ou não, como podemos atingir nossos objetivos imediatos? O jovem viu-se então refém de ter que fazer política, e começou a querer fazer uma “política diferente”. Mais uma armadilha, já que muitos foram recrutados para o lado dos opressores. Os menos radicais acabaram sugados pelo sistema institucional burguês e foram cooptados para serem lideranças nos mesmos partidos que antes teciam suas críticas. “Por renovação política já!”, gritou uma nova geração de jovens militantes e ativistas criada nas jornadas de junho.

O jovem passou a querer fazer política pois viu que vive nela, e é chamado hoje a superar as próprias barreiras e as divisões dentro do movimento espontâneo. Viu que é atacado constantemente, e com o avanço da crise econômica sua própria existência poderia estar em risco. O jovem foi convocado para a política no Brasil como há muito tempo não havia sido. Mas dentro da classificação “jovem” não há uma unidade, mas uma diversidade de interesses e grupos. Cedo ou tarde a maioria enxergará que apenas lutando enquanto e seguindo a classe trabalhadora será possível a criação de um movimento que acabe com a sociedade injusta que beneficia 1%. Ser militante jovem hoje é saber ver qual grupo político não concilia com o opressor sendo instrumento de vitórias.

2017 está mostrando que as saídas institucionais tradicionais estão fadadas ao fracasso pelo reformismo e oportunismo assim como 2013 mostrou que a luta espontânea é fraca e confusa. É preciso organizar uma ofensiva que saia da ideia da mera resistência institucional. Hoje os jovens podem ir muito mais longe.

Mas para gerar a consciência de que a sociedade é dividida em classes e de que uma dessas classes dominou a sociedade, é preciso de uma organização revolucionária e socialista que esteja dentro das escolas, universidades, locais de trabalho. Não há neutralidade política vantajosa possível para a juventude. A neutralidade política é a bandeira branca levantada pelo oprimido que garante a vitória do opressor. A organização revolucionária e socialista é o instrumento que mostrará que a juventude seguindo a classe trabalhadora e enquanto classe trabalhadora erguerá novas instituições.

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