A luta pela revogação do Novo Ensino Médio: um relato de Curitiba

Andar por avenidas enfrentando o que não dá mais pé
Juntar todas as forças pra vencer essa maré
O que era pedra vira homem
E o homem é mais sólido que a maré

(Fernando Brant / Milton Silva Campos Nascimento)

Comitê Paraná Revoga NEM (Novo Ensino Médio) foi fundado por um grupo de trabalhadores da educação no dia 16 de fevereiro. No dia 09 de março sua segunda reunião ampliou significativamente seus participantes, contando com cerca de 150 pessoas representando trabalhadores da educação de todas as etapas do ensino, estudantes, mandatos parlamentares e sindicatos. O ânimo da reunião foi uma amostra da força da classe trabalhadora e da juventude em luta pelos seus direitos e esperamos que esta iniciativa incentive a formação de comitês em todo o Brasil.

Entre os encaminhamentos retirados da reunião/plenária está nossa participação nos atos convocados para próximo dia 15 de março, a difusão de uma cartilha que explica os efeitos nocivos do Novo Ensino Médio, organização de bancas para angariar assinaturas ao abaixo-assinado proposto pelo deputado Glauber Braga (PSOL/RJ) (veja abaixo a ata da reunião na integra). Instrumento este, fundamental para canalizar a indignação de jovens e trabalhadores contra esta reforma que bloqueia o acesso da juventude aos conhecimentos científicos, culturais e artísticos acumulados historicamente pela humanidade; destrói a carreira docente; privatiza a educação; além de substituir disciplinas tradicionais por itinerários formativos desprovidos de base cientifica e carregados da ideologia barata do empreendedorismo.  

A Esquerda Marxista apoia a iniciativa e defende a importância de coletar assinaturas físicas ao abaixo-assinado como forma de ampliar a discussão em cada colégio, universidade e local de trabalho – Imagem: Vagner Martins Sípoli

Desde os trabalhos da equipe de transição do governo federal os problemas desta reforma vêm sendo apresentados ao governo Lula, porém, com a iniciativa do deputado Glauber encontrou-se um meio de organizar essa luta, à revelia dos sindicatos da educação e entidades estudantis que, diante do terremoto causado pela inciativa e após a formação do Comitê, foram levados, de forma mais decidida, a encampar a palavra de ordem #RevogaçãoJá! A expectativa inicial de assinaturas foi largamente ultrapassada e hoje chega a 140 mil, demonstrando a indignação e a disposição de luta para revogar esse entulho que destrói a educação pública.

Nós, da Esquerda Marxista e da Liberdade e Luta, apoiamos a iniciativa e apontamos ao Comitê a importância de coletar assinaturas físicas ao abaixo-assinado como forma de ampliar a discussão em cada colégio, universidade e local de trabalho. Destacamos também a necessidade de ampliar essa luta para toda a classe trabalhadora, afinal, esta reforma está em sintonia com um conjunto de reformas (previdência e trabalhista) que visam preparar os atuais e futuros trabalhadores para um novo patamar de exploração, adequando-os a atual divisão internacional do trabalho. Sublinhamos que não é possível negociar nenhum ajuste, nenhuma reforma dentro desta contrarreforma, nenhum acordo que mantenha algum elemento do Novo Ensino Médio e que já existe acúmulo suficiente para a elaboração de um Ensino Médio que contemple as demandas da juventude e da classe trabalhadora. Nesse bojo compreendemos também que é preciso revogar a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e seus efeitos nas provas do ENEM. Entendemos que a formação de Grupos de Trabalho com o governo e instrumentos de avaliação da sua implementação são artifícios para distrair e desviar o movimento de sua tarefa fundamental que é o combate pela revogação do Novo Ensino Médio. Apostar em Grupos de Trabalhos e negociações de gabinete é a receita para derrota.

É preciso que cada Grêmio Estudantil, DCE e sindicato da educação assumam essa luta como prioritária. Neste sentido, as tarefas mais urgentes são: realizar um vigoroso movimento de rua no dia 15 de março, em todo o país; ampliar as adesões ao abaixo-assinado; e espalhar, por todos os cantos, comitês de luta pela revogação do Novo Ensino Médio!

  • Todos ao combate pela revogação do Novo Ensino Médio!
  • Todos ao ato dia 15 de março!
  • Revogação Já!

COMITÊ PELA REVOGAÇÃO DO NOVO ENSINO MÉDIO REALIZOU HISTÓRICA REUNIÃO!

No dia 09 de março ocorreu a segunda reunião do Comitê pela Revogação do Novo Ensino Médio em Curitiba, em auditório no setor de educação da UFPR.

A reunião contou com 150 participantes!

A ideia desse Comitê, iniciado em Curitiba, já se replicou com Comitês em São José dos Pinhais, Cascavel, Maringá e Porto Alegre

Estiveram presentes representantes das seguintes entidades:

CNTE, Observatório do Ensino Médio-UFPR, NESEF-UFPR, APP-Sindicato, SINPES (Sindicato dos professores de ensino superior privado), UBES, UPES, CUT-PR, Grêmio do Colégio Estadual do Paraná, Grêmio do Colégio Júlia Wanderley, Grêmio do Colégio Júlio Szymanski, Secundaristas de escolas estaduais, Executiva dos estudantes de Pedagogia, FENET-Federação nacional dos estudantes do ensino técnico, Coordenação do PIBID Química, Bolsistas do PIBID Sociologia, PSOL, PCB, PT Curitiba, Esquerda Marxista (PSOL), Boletim A Internacional, vereador Ângelo Vanhoni (PT), deputado federal Tadeu Veneri (PT), mandato do deputado estadual Goura (PDT), mandato da deputada estadual Ana Júlia (PT), mandato do deputado estadual Renato Freitas (PT), mandato do deputado estadual Requião Filho (PT), Maurício Requião- ex-Secretário Estadual de Educação do PR, Professore(a)s e Funcionária(o)s da rede pública estadual do Paraná, Núcleo Sindical Curitiba Norte da APP, Núcleo Sindical Curitiba Sul da APP, Coletivo Humanidades, Federação de Arte Educadores, Professores do departamento de educação da UFPR, Frente estudantil contra o novo ensino médio, Pesquisador GETET UTFPR, Integrante do Fórum Paranaense de Educação de Jovens e Adultos e membro do Grupo de Estudos em Educação, Estado Ampliado e Hegemonia (GPEH) UEL, Professore(a)s do departamento de História e do departamento de Educação da UFPR, Artistas populares, Estudantes da UFPR,

Foram aprovadas por consenso as seguintes propostas de encaminhamentos até a próxima reunião, em final de março:

  1. Divulgar amplamente e participar do ato nacional da UBES no dia 15 de março pela revogação do NEM, promovendo no dia a coleta massiva de assinaturas ao abaixo-assinado físico que será lançado com as adesões das entidades, organizações e personalidades políticas deste comitê; 
  2. Adesão à campanha do abaixo assinado nacional pela revogação do NEM com organização de banquinhas com coletas de assinaturas nas ruas e escolas;
  3. Organização de um ato público massivo em meados de abril, na sede da APP Sindicato ou em lugar aberto (a avaliar), com mesa de representações de entidades sindicais, de pesquisa, estudantis, partidos, parlamentares, com a presença do deputado Glauber Braga. Nesse dia fazer também uma aula pública;
  4. Sugerir à CNTE que aprove em sua Plenária Intercongressual da CNTE (17 a 19/03) um ato nacional pela revogação do NEM e que a CNTE incentive a criação de comitês e divulgue o abaixo assinado, tal como a representante da APP-Sindicato se comprometeu em realizar no PR;
  5. Ampliar os comitês nas regiões, criar comitês por local de trabalho e estimular rodas de conversa sobre a revogação do NEM;
  6. Realizar atos de rua pela revogação já do NEM com regularidade;
  7. Divugar o link da assinatura do abaixo assinado online e o arquivo PDF nas redes sociais das entidades e parlamentares;
  8. Indicar aos mandatos parlamentares presentes que ajudem a financiar a reprodução da Cartilha “O novo ensino médio (NEM) ou o ensino médio NEM-NEM?”
  9. Procurar as Centrais Sindicais para ampliar a luta pela revogação do NEM e a campanha do abaixo assinado
  10. Sugerir aos Núcleos Sindicais da APP Sindicato para que participem dos comitês e divulguem o abaixo assinado
  11. Integrar e reforçar o grupo de comunicação do Comitê ampliando com a participação de profissionais da área que se disponham em colaborar; 
  12. Participar e divulgar de audiência pública na Assembleia Legislativa que o mandato da Deputada Ana Júlia ficou de encaminhar junto com outros parlamentares; 

A mesa da reunião, composta pelas companheiras Andrea Caldas, Edimara Oliveira, e pelo companheiro Ney Jansen, foi mandatada a coordenar o encaminhamento destas decisões até a próxima reunião do comitê indicada para final de março.

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