Contra demissão na Ford: ocupação sob controle operário!

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Há duas semanas, no dia 11 de janeiro, a Ford anunciou o fim da produção de veículos no Brasil, mantendo apenas a produção de peças para reposição. Esse é o desfecho de um processo que vem ocorrendo desde 2019, começando com o fechamento da fábrica de São Bernardo do Campo (SP), passando pelo momento atual com o encerramento das atividades nas fabricas de Camaçari (BA) e Taubaté (SP), até o final do ano quando se encerraram as atividades de produção dos jipes Troller em Horizonte (CE).

Isso significa a demissão de milhares de trabalhadores, para termos uma ideia, segundo o sindicato de metalúrgicos de Camaçari os números das demissões podem chegar a 12 mil, e esse numero não leva em consideração as demissões indiretas de milhares de trabalhadores das empresas que prestam serviços para Ford. A concretização desse processo vai piorar ainda mais a crise econômica em que estamos, e jogar milhares em condições desesperadoras.

Perante tudo isso as direções sindicais se apresentam como os conciliadores de sempre, tentam resolver a situação da maneira mais dócil possível, se esforçando o máximo para conciliar os interesses antagônicos de patrões e trabalhadores. Quando deveriam estar apresentando um plano de ação que tenha como intuito a defesa dos empregos e portando em defesa da vida dos trabalhadores, que com isso possa por em questão a insuficiência da propriedade privada dos meios de produção e por tanto a insuficiência de todo sistema. Preferem apontar o problema se resume a uma falta de diálogo entre as partes envolvidas, e que é o importante chegar a um acordo com os patrões sobre as demissões.

As constantes traições destas direções sindicais os estreitaram a visão, não conseguindo ver nenhuma outra saída que não reformar esse sistema podre. Para eles o problema e a má gestão do governo atual, que permite que essas grandes empresas deixem o país. Esse pensamento uniu figuras distintas na defesa de uma agenda liberal de favorecimento ao empresariado, como por exemplo, Guilherme Boulos e Luciano Huck. O que eles não conseguem ou simplesmente não querem enxerga e que como expõe a camarada Jacqueline Takara:

O problema é que o capitalismo não tem fronteiras e as mesmas demissões que se aplicam no Brasil também se aplicam em outros países. A Ford é apenas um dos exemplos, mas vale lembrar que em maio do ano passado a direção da Renault decidiu demitir 15 mil funcionários em todo o mundo. Enquanto, no mesmo mês, a Nissan anunciava o fechamento de fábricas na Espanha e Indonésia.

A Ford obteve lucro líquido de US$ 1,1 bilhão no segundo trimestre de 2020, mostrando uma alta em comparação ao lucro de US$ 100 milhões neste mesmo período no ano de 2019. Essa é a tendência do mercado capitalista, a de ampliar a taxa de lucro à custa da vida dos trabalhadores ao redor do mundo, levando milhões à fome e à miséria. [1]

Nós revolucionários apresentamos outra saída para isso, defendemos que fechamento das fábricas da Ford, e a demissão dos trabalhadores, precisa ser combatido com luta, greve e ocupação. Dizemos a classe trabalhadora que não, não é impossível.

Aqui mesmo no Brasil um exemplo disso que ocorreu há não muito tempo foi à experiência da Cipla, em 2002. A empresa, localizada em Joinville, tinha mais de 1.200 trabalhadores e foi ocupada. Formou-se um Conselho de Fábricas em que os próprios trabalhadores decidiam o que deveria ser feito. Este foi o início do Movimento das Fábricas Ocupadas, dirigido pelos militantes da Esquerda Marxista, tornando-se a prova da grande capacidade de luta dos trabalhadores. É fundamental nesse momento conhecermos a história do Movimento das Fabricas Ocupadas e a experiência da Cipla. Para isso recomendamos o documentário: Intervenção – Documentária das Fábricas Ocupadas.

As juventudes revolucionárias junto com toda a classe trabalhadora devem combater pela defesa dos empregos dos trabalhadores da Ford, para isso temos que arrancar as fábricas dos patrões e pôr em macha um movimento revolucionário em defesa do trabalho. Os jovens de SP experimentaram essa situação quando o governo decidiu realizar a assim chamada reorganização escolar que fecharia centenas de escolas em todo o Estado, deixando as salas superlotadas, demitindo funcionários e professores e entregando os prédios para a iniciativa privada. Os jovens se organizaram em torno da defesa de suas escolas e realizaram um movimento de ocupação, onde dormiam, reformavam, realizam atividades culturais dentro da escola e conseguiram barrar o ataque com organização do movimento estudantil.

Hoje, com o anúncio do fechamento da Ford, cerca de 50 mil[2] postos de trabalho indiretos serão afetados. Isso só aprofundará a crise e para os trabalhadores demitidos a realidade é dura, muitos nem são aceitos no mesmo ramo e entram no mercado informal de trabalho. A única maneira de defender os direitos e os postos de trabalho é greve com ocupação! Saiba mais sobre o Movimento das Fábricas Ocupadas. Entre em contato conosco, organize-se!

. Tirem as mãos dos nossos empregos!

  • Contra demissão: ocupação!
  • Ocupar e produzir sob controle dos trabalhadores!
  • Estatização de todas as fábricas da Ford e garantia dos empregos!
  • Fora Bolsonaro! Por um governo dos trabalhadores, sem patrões nem generais!

[1] https://www.marxismo.org.br/ford-ocupar-para-salvar-os-empregos/

[2] https://economia.uol.com.br/colunas/carla-araujo/2021/01/12/ford-sindicalistas-50-mil-empregos-fuga-da-montadora.htm

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