CORTES NA EDUCAÇÃO E VESTIBULAR
No ano de 2020, durante o cenário pandêmico, intensificou-se aquilo que já estava estagnado há anos no Brasil, a educação, que vem comprometendo sua função imprescindível na constituição do tecido social e da juventude. Desta maneira, o ensino alterado nos moldes de um discurso político, que pretende inserir crianças e adolescentes em um futuro promissor após a formação nas instituições de ensino, nem de perto, houve êxito em suas promulgações ou, pelo menos, movimentou sequer os obstáculos para o acesso às oportunidades. Nisso, pode ser visto que a educação se tornou um aparato contraditório para a classe trabalhadora quando se trata em ausência de acesso e permanência desses estudantes, filhos de trabalhadores, nas escolas ou universidades, sejam públicas ou privadas, que compartilham o impacto direto provocado pelos cortes na área da ciência e da educação, revelando não somente um deficit no desenvolvimento de elaboração de pesquisas e trabalhos, mas também inflacionando os parâmetros da desigualdade social vigente do Brasil, que se persistem na desistência escolar assim como no impasse do ingresso às essas instituições do conhecimento, o que cabe a ser discutido entre a juventude para ficar ciente do quadro que estamos presenciando e, assim, mobilizarmos a reverter à situação do status quo.
Em primeiro plano, no final do século XX, o Brasil saiu de um regime ditatorial, marcado por perseguições, golpes, censura, inflação e desrespeito com a “liberdade” da classe trabalhadora. Porém, no atual regime “democrático”, embora as mudanças políticas progredissem por alguns lados quanto às liberdades democráticas e direitos conquistados com muita luta, a partir de então, ainda não deixaram de existir colapsos econômicos no capitalismo, com a burguesia tentando simplesmente apagar ou negar fatos históricos que constituíram a sociedade brasileira da maneira mais repugnante e cruel para a “legitimidade” de suas ideologias.
Assim sendo, a história da constituição da República Federativa do Brasil vem resinificando o conceito de “democracia”, para pior. Por conseguinte, com a eleição de Bolsonaro (PL), com base em circulação de Fake News, nacionalismo fajuto, em outras palavras, um fanático defensor do regime ditatorial de extrema direita. A influência midiática que Bolsonaro construiu no seu processo de ascensão à presidência com seus discursos políticos foram reconhecidos como símbolos de “patriotismo”. Nesse ínterim, seu governo sustenta a ideologia da meritocracia.
Os desafios que a educação enfrenta são dois fatores antagônicos nessa “democracia” que, por sua vez, os planos governamentais para desenfrear as disparidades sociais apresentaram ineficazes e/ou tampouco feitos, já que não estava em seus objetivos atenuar a conjuntura, haja vista, a pesquisa feita pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e o Conselho Nacional das Instituições de Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), quando anunciou o corte de R$ 619 milhões de colégios e universidades federais para investir no Programa de Garantia de Atividade Agropecuária. Ou seja, Bolsonaro mostra mais uma vez que seu objetivo é tirar direitos conquistados da classe trabalhadora e da juventude para entregar dinheiro nas mãos de investidores, banqueiros, grandes empresários e latifundiários.
Há uma discussão de divergência de opiniões em relação ao tratamento do pressuposto acima entre os apoiadores de Bolsonaro e os opositores, em contrapartida, as direções tradicionais da classe trabalhadora e da juventude pressionam para que uma passividade domine a população, para aguardar as eleições do fim deste ano. A baixa remuneração de professores, pessoas não qualificadas para ministrar aulas, e a grade curricular que não agregam para o desenvolvimento dos estudantes, sem contar que há um grande abismo no comprometimento com a inclusão de alunos que possui alguma condição especial ou deficiência, a falta de vagas nas universidades públicas, a falta de permanência estudantil, nada disso, aparentemente, parece afetar as organizações tradicionais de esquerda que estão empenhadas em aguardar apenas pelas eleições e não querem mobilizar os trabalhadores, as trabalhadoras e a juventude.
Vale a pena destacar que a carência de recursos financeiros, que poderiam potencializar métodos de ensino diversos da creche às universidades, empurra ainda mais para o abandono escolar, pois a problemática dos alunos tirarem o dinheiro do próprio bolso para custear as demandas de materiais que necessitam para a realização de atividades pode ficar muito pesada no orçamento de famílias trabalhadoras. Agora, pensando adiante, a qualidade de ensino também pode afetar na qualidade de viver, se pararmos para pensar como o vestibular tem sido um funil que impede muitas oportunidades para muitos jovens, de forma que tem ficado inalcançável para a maioria, as cotas não tem ajudado, de fato, na entrada da maioria dos jovens negros da classe trabalhadora, fazendo parte do processo de desigualdade vigente no Brasil em disputar as poucas vagas existentes.
Concorrer uma vaga em faculdades estaduais e federais pelo processo seletivo do Sisu (Sistema de Seleção Unificada) tem sido tomado por jovens com melhores condições financeiras. Segundo o decreto de Jair Bolsonaro, em 2021, discentes de escolas particulares poderão concorrer bolsas de até 100% pelo Prouni (Programa Universidade para Todos) em faculdades particulares com discentes oriundos de escolas públicas, o que vai ajudar a injetar mais e mais dinheiro no setor privado sem investir um centavo a mais no setor público. Nesse mesmo ano 3,42 milhões de estudantes desistiram das instituições privadas devido à variação da mensalidade, de acordo com dados coletados pelo G1. Portanto, sob essa lente, no sistema capitalista, poucos conseguem empregos na sua área de formação, oras saem desempregados oras desesperançosos.
Por isso, estamos construindo o Núcleo Liberdade e Luta-Franco da Rocha, para dialogar e organizar jovens estudantes e trabalhadores em torno da luta por educação pública gratuita e para todos, vagas para todos nas universidades públicas e fim dos vestibulares! Queremos todo o dinheiro necessários para serviços públicos, gratuitos e para todos! Esse é o único meio que, de fato, pode colocar todos os jovens dentro das escolas e das universidades. Realizamos nossa primeira atividade no fim de junho, mas queremos fazer novos encontros em breve. Siga nossa página no Instagram (@liberdadeluta) e fique por dentro da nossa programação! Entre em contato conosco para fazer parte!