Jessica Cassell do Canadá reporta sua participação no Acampamento Revolucionário 2019

51064591_2232173473480721_6194287024967516160_o.jpg

Tive a honra de estar presente no Acampamento Revolucionário da Liberdade e Luta em Florianópolis, entre os dias 24 e 27 de Janeiro. Aproximadamente 60 jovens militantes de todo o país, com grande entusiasmo, se reuniram para discutir história, teoria e táticas. O caráter do governo Bolsonaro e como combatê-lo foi tema central dos quatro dias de discussão.

Bolsonaro está preparando um ataque em máxima escala aos trabalhadores e jovens no Brasil. Além disso, planeja uma série de privatizações e cortes profundos de maneira geral, imediatamente suprimindo direitos indígenas e de comunidades LGBT assim que assumiu o poder. Seu discurso reacionário incita a extrema direita e mesmo grupelhos fascistas a atacar camadas oprimidas da classe trabalhadora. É um governo ultra-reacionário que precisa ser combatido a unhas e dentes.

Os jovens militantes da Liberdade e Luta aprovaram importantes resoluções direcionando forças contra esse inimigo da classe trabalhadora, como a campanha nacional que estarão lançando no movimento estudantil para combater as privatizações na educação e a chamada Lei da Mordaça, que proíbe estudantes e professores de discutir política em suas instituições.

Tendo isso em mente, os camaradas do Brasil salientaram que a eleição de Bolsonaro não representa uma vitória do fascismo no país. Fascismo é um regime político baseado na mobilização da pequena burguesia enfurecida em corporações armadas, com intuito de esmagar as organizações da classe trabalhadora. Historicamente, o fascismo veio ao poder depois de sucessivas derrotas da classe trabalhadora durante situações revolucionárias, por conta da ausência de uma direção correta. Nas bases dessas derrotas e oportunidades perdidas, a desmoralização tomou conta e as corporações fascistas puderam esmagar a organização e o movimento dos trabalhadores

Essa não é a situação atual do Brasil. Bolsonaro não está apoiado em grupos armados fascistas mas no “Estado Democrático de Direito” burguês e suas Forças Armadas. Certamente há grupos fascistas que são muito perigosos e precisam ser combatidos de frente. Mas a classe trabalhadora brasileira não está derrotada e suas organizações estão intactas. Na verdade, ela sequer começou a se mover. Declarar vitória do fascismo é se dar por vencido antes mesmo da luta começar!

Na realidade, Bolsonaro reflete um processo que se desdobra em todo o mundo, como parte de uma crise generalizada do capitalismo: o colapso do “centro” e a polarização da sociedade entre esquerda e direita. Onde há uma lacuna de verdadeira alternativa de esquerda, os demagogos de direita são capazes de ascender ao poder com discursos anti-establishment. Vimos isso com a eleição de Trump nos EUA, com o Brexit no Reino Unido e com Doug Ford aqui, em Ontario. Você não pode combater um discurso anti-establishment da direita com um discurso pró-establishment. O que falta é uma verdadeira liderança da classe trabalhadora que possa oferecer uma alternativa socialista real para a crise do sistema.

No próximo período, os camaradas da Liberdade e Luta e da Esquerda Marxista, a seção brasileira da Corrente Marxista Internacional (CMI), estarão lutando ao lado da classe trabalhadora e dos movimentos estudantis no Brasil para um programa genuinamente marxista, ligando a luta contra Bolsonaro à necessidade de aniquilar o capitalismo, que tem Bolsonaro como um mero produto. Embora a crise não esteja tão profunda como no Canadá, temos os mesmos desafios adiante.

Apesar dos longos e difíceis combates que estão por vir, a Liberdade e luta e os camaradas da Esquerda Marxista estão munidos das ideias certas e legitimamente otimistas sobre o potencial da classe trabalhadora e das massas oprimidas de transformar a sociedade, nacional e internacionalmente. Vitória em nossas vidas!

Tradução de Marcelo Pancher

Facebook Comments Box