Luta pela permanência estudantil na UNESP de Marília

A Coordenadoria de Permanência Estudantil (Cope), representada por Mário Sérgio Vasconcelos e Eduardo Galhardo, e a direção da Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC) da Unesp de Marília fizeram uma visita à Moradia Estudantil, em 3 de novembro. Os moradores, que são estudantes do campus, aproveitaram a oportunidade para explicitar as reais condições e entraves vivenciados na realidade da luta pela permanência estudantil. Nessa reunião, solicitada pelos estudantes, foram expostas pautas de absoluta importância, como a segurança alimentar, a permanência estudantil e, principalmente, a reforma da moradia, que está prevista no Edital nº001/2021 da chamada Unesp Presenteque apresenta propostas ao Programa de Recuperação e Modernização das Moradias Estudantis.

Cada ponto levantado pelos moradores já estava em discussão nas assembleias de moradia e gerais, que costumam ocorrer dentro da própria universidade. O que acontece, no entanto, é que a atual direção da FFC ignorou todas as tentativas de contato dos estudantes que vivem na moradia, desconsiderando os documentos devidamente protocolados que diziam respeito a solicitação de uma reunião, anterior a esta, na moradia. Ficamos por mais de 6 meses, por meio de e-mails e reuniões virtuais (que sequer eram efetivas) tentando trazer as representantes da direção e vice-direção à realidade vivida na moradia. Para essa reunião (3/11) houve uma demora de quase 7 meses após a 1ª reunião (feita na sala da direção com pouquíssimos estudantes), que Claudia Regina Mosca Giroto e Ana Claudia Vieira Cardoso, diretora e vice da FFC, respectivamente, resolveram conhecer a Moradia do próprio campus que administram.

Em todas as tentativas anteriores de contato fomos recebidos de maneira ríspida, como se nossas vivências e anseios que são urgentes de nada valessem, tanto a elas quanto à reitoria da Unesp. Sabemos que sempre estivemos numa luta incansável para nos mantermos na universidade, e isso se intensificou nos últimos dois anos, tanto pelo aprofundamento da pandemia da Covid-19, que piorou os quadros de ingresso na universidade, quanto pela nova administração, que trata com desdém os instrumentos essenciais de funcionamento da universidade, como o Restaurante Universitário, o Diretório Acadêmico e o movimento estudantil, que se encontra desmobilizado.

Levamos a essa reunião com a COPE, em relação à manutenção plena da moradia, que o quadro de servidores da FFC que encontra-se defasado, denunciando a falta de abertura de concursos públicos para contratação de novos funcionários. Levantamos, também, a falta de eletrodomésticos nas casas e a demora na entrega de produtos de limpeza. Além do mais, expusemos as diversas denúncias caluniosas realizadas por moradores de um condomínio construído ao redor da moradia e da falta de auxílio correto da direção quanto aos casos de Covid confirmados na moradia no meio do ano. Aliás, em decorrência desse caso, manifestamos com indignação a aderência da direção da FFC a boatos que surgiram na faculdade no mês de junho de que a moradia estava passando por um “surto de Covid”. A direção, nem um pouco preocupada em investigar a procedência da informação, tomou-a como factual, proibindo TODOS os moradores a frequentarem o espaço presencial da universidade, prejudicando o andamento das atividades acadêmicas e aprofundando o extremo preconceito que a comunidade tem conosco, residentes da moradia.

Em relação à discussão de permanência estudantil, debatemos as incoerências presentes no processo de pedido de auxílios do campus, como o prazo extremamente curto para a entrega dos devidos documentos comprobatórios, o número de vagas ofertadas na moradia – que, em decorrência da pandemia, não teve superlotação como costuma a ter todos os anos – e o valor das bolsas de auxílios, que é incapaz de manter um estudante pleno em sua vida acadêmica. Para mais, manifestamo-nos insatisfeitos com o fato de não termos sido consultados previamente sobre a reforma. A atual direção da FFC move planos de tornar a Comissão Local de Permanência Estudantil (CLPE) e a Comissão Permanente de Permanência Estudantil (CPPE) movimentos desarticulados e enfraquecidos, para que seus planos de desmonte nas dependências da faculdade sejam bem-sucedidos. Essas comissões, a propósito, devem, de acordo com o edital do processo seletivo de permanência estudantil, participar da elaboração e da concretização do próprio edital, o que não foi feito.

Como argumento, a COPE e a direção da FFC manifestaram que sempre estiveram abertos a uma conversa plural com os estudantes que residem na moradia, e que só não fizeram contatos anteriores a esse encontro por pressões do cotidiano. Na verdade, sabemos que se trata da falta de vontade em dialogar com os estudantes.

Agora, passado mais de um mês desse encontro em novembro, não há nenhuma mudança na situação ou perspectiva de melhora para os estudantes da moradia da Unesp-Marília. Diante desses inúmeros ataques, é essencial destacar uma postura de luta que visa tornar a permanência estudantil algo de fato plural e real. Contudo, entendemos que isso só será possível quando as condições materiais estiverem de fato alinhadas com os interesses da juventude trabalhadora. Esta luta precisa (e deve) estar alinhada a um programa revolucionário. Sabemos que, numa sociedade cuja estrutura se baseia na exploração do homem pelo homem, é impossível que haja uma educação e permanência estudantil pública, gratuita e para todos. Por essas razões, a Liberdade e Luta se manifesta:

  • Pela reforma da moradia! Contra o desalojamento em massa!
  • Pelo aumento dos valores das bolsas de auxílios!
  • Regulamentação da Comissão Local de Permanência Estudantil! Nossa luta não vai parar!

*Amanda Marques é militante da Liberdade e Luta e moradora da Moradia Estudantil da Unesp de Marília.

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