Notas para entender o que está acontecendo com a Palestina e o quê defendemos

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1- Somente nos dias 10 e 12 de maio ao menos 59 pessoas morreram, 53 em Gaza e 6 em Israel. Em 15 de maio 140 palestinos haviam morrido incluindo 39 crianças decorrente dos ataques de Israel. No dia 24 de maio 219 pessoas morreram, além disso 1,5 mil pessoas ficaram feridas.

2- Entre as principais causas do conflito atual está a obstrução do direito de culto dos árabes na Cidade Antiga, justamente no mês do Ramadã (mês em que a maioria dos muçulmanos realiza seu jejum ritual). Além disso, houve uma decisão judicial para o despejo de famílias palestinas do Bairro Sheik Sheikh Jarrah em Jerusalém.

3- Essa crise deflagra a questão da criação do Estado Judeu e do processo de ocupação de territórios a partir de 1948. Essas leis, Lei de Propriedade Ausente (1950) e Lei de Assuntos Jurídicos e Administrativos (1970). A primeira proíbe palestinos de reivindicarem suas propriedades perdidas na guerra de 1947-1949, enquanto a segunda permite que judeus israelenses reivindiquem terras perdidas nessa mesma guerra. É sob a base dessas leis totalmente discriminatórias que os sionistas empreendem a ocupação dos territórios palestinos e expulsão da população árabe.

4- Milhares de bombas estão sendo lançadas sem cessar pelo poder militar mais poderoso do Oriente Médio, sobre uma das áreas mais densamente povoadas e pobres do mundo. Enquanto isso, turbas de linchamento de colonos sionistas de extrema direita e bandidos fascistas, agindo com a cumplicidade ou apoio aberto das forças do estado israelense, estão atacando bairros palestinos dentro de Israel, destruindo casas, propriedades, lojas, espancando e matando pessoas inocentes apenas porque são palestinos, em uma onda de terror racista que só pode ser descrita como um Pogrom.

5- A classe dominante israelense está usando a “paz”, bem como a guerra, para perseguir seu objetivo reacionário de limpar etnicamente o que considera seu. Seu lema é “o que temos, nós mantemos” – “Eretz Israel”, purificado da presença inconveniente da população palestina. Este projeto de limpeza étnica e discriminação institucional está inscrito no cabeçalho da racista Lei do Estado da Nação Judaica, aprovada por Netanyahu no verão de 2018 e abençoada pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

6- Esta última provocação foi planejada para instigar um conflito com o Hamas. Foi uma decisão deliberada da parte de Netanyahu, uma tentativa desesperada de renovar suas credenciais como homem forte de Israel e impedir a formação de um governo de coalizão do qual ele seria excluído. Não é a primeira vez que Netanyahu lançou a carta do ódio anti-palestino para unir a classe dominante israelense, o Estado e pressionar a massa da população judaica em Israel e no exterior no sentido de apoiar as medidas mais reacionárias tomadas por seu governo em nome da “segurança”.

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7- O Estado sionista de Israel foi criado após a adoção de uma resolução pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 29 de novembro de 1947, recomendando a implementação do Plano de Partilha da Palestina para substituir o mandato britânico. Assim, em 14 de maio de 1948, David Ben-Gurion, chefe-executivo da Organização Sionista Mundial e presidente da Agência Judaica para a Palestina, declarou o estabelecimento do Estado de Israel, sendo independente do controle inglês.

8- Quando se fala sobre Israel torna-se imprescindível entender o que se trata o Sionismo, a ideologia oficial deste Estado-Nação. Mas que é o Sionismo? Esse movimento tem sua origem no ano de 1896, pela formulação teórica e esforço político do jornalista judeu-austríaco Theodor Herzl, ao publicar o livro “O Estado Judeu”. A base material para a formulação dessa ideia trata-se da histórica perseguição que povo judeu foi submetido, tanto anterior, quanto ao longo e em períodos ulteriores à Idade Média. Em diversos registros historiográficos, iconográficos e oficiais, especialmente europeus, pode-se encontrar relatos e registros do quanto esse povo penou em sua trajetória. Diante disso, os sionistas acreditam que os grupos culturais que possuem vínculos intrínsecos devem estar dedicados a unificarem uma comunidade em detrimento e exclusão de outras. Sendo assim, o grupo judaico, conectado culturalmente, necessita de um Estado seu e para seus interesses, que busca se colocar acima das classes, como ideologia para inibir a unidade entre a classe trabalhadora.

9- Assim, devido ao histórico da questão judaica, Herzl defendia em sua obra que somente com a forja de um Estado judeu os problemas de seu povo seriam solucionados, impondo respeito, força e salvaguardando uma região própria, onde todos do grupo étnico poderiam ser livres para residir e construir sua vida. Esta, porém, é uma defesa reacionária, sendo oposto ao posicionamento dos marxistas quanto a autodeterminação dos povos, na qual assegura-se o direito de cada povo governar-se sem a intervenção externa, como realizam os imperialistas. Este Estado deveria, porém, ser fixado na Palestina, com o argumento de ser a oficial região do povo judeu da Antiguidade até cerca de 70 d.C., momento em que o Império Romano deu fim à Jerusalém, tornando este povo viajante pelo mundo. Sob a bandeira de “um povo sem terra para uma terra sem povo”, os Sionistas afirmavam a inexistência de populações residentes na região palestina. Mas essa faixa territorial abrigava e ainda abriga milhares de árabes.

10-  Nenhuma confiança nos planos imperialistas de “paz”. Pelo direito dos palestinos a uma pátria genuína! O povo palestino tem direito a uma pátria e, enquanto isso não for alcançado, o conflito continuará. A classe dominante sionista de Israel, entretanto, nunca concederá uma pátria genuína aos palestinos. É por isso que deve ser derrubada. Para que isso aconteça, a sociedade israelense necessita ser rompida em linhas de classes. O que defendemos:

  • Mobilizar a solidariedade internacional da classe trabalhadora para parar o bombardeio de Gaza!
  • Apoiar a resistência dos palestinos! Intifada até a vitória!
  • Acabar com a ocupação!
  • Pelo direito de palestinos e judeus a uma pátria dentro de uma Federação Socialista do Oriente Médio!
  • Pelo Estado Laico e Democrático sobre todo o território histórico da Palestina!

Esse resumo foi feito com base nos textos abaixo, onde pode-se encontrar uma leitura completa da situação: 

Nova onde de ataques sionistas sobre o povo palestino. https://www.marxismo.org.br/nova-onda-de-ataques-sionistas-sobre-o-povo-palestino/

Parem o bombardeio de gaza! Pelo fim da ocupação! Mobilização internacional em apoio à luta palestina! https://www.marxismo.org.br/parem-o-bombardeio-de-gaza-pelo-fim-da-ocupacao-mobilizacao-internacional-em-apoio-a-luta-palestina/

Guerra e Paz na Palestina – sobre o caráter de Israel, do sionismo, do Hamas e da Autoridade Palestina (Serge Goulart, 17/07/2014)

Israel não cessa a política de expansão sobre o território palestino (Luiz Gustavo Assad Rupp, 14/03/2017)

Imagem e Realidade do Conflito Israel e Palestina (Luiz Gustavo Assad Rupp, 29/08/2016)

Israel contra a vida dos palestinos: os imperialistas são a barbárie (Chico Aviz, 30/03/2020)

Uma visão marxista do conflito Palestina-Israel e a guerra imperialista (Chico Aviz, 20/02/2020)

Imperialistas celebram 70 anos de Israel com um banho de sangue (Francesco Merli, 18/05/2018)

Derrotar o sionismo e a barbárie capitalista (Esquerda Marxista, 10/08/2014)

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