O ENEM e a luta da juventude pela vacinação gratuita e para todos já!

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Diante da condução da pandemia do coronavírus de uma maneira capitalista, colocando o lucro dos bilionários, existiu uma preocupação por parte de grande parte do proletariado, com a questão do ENEM, muitos pediram e tentaram se mobilizar a favor do adiamento da prova. O adiamento da prova, como explicamos anteriormente, não muda, como não mudou a situação de milhões de jovens que todos os anos se inscrevem no vestibular e que ficam de fora pela ausência de uma política de vagas para todos nas universidades públicas. A pandemia escancarou as dificuldades da juventude pobre para manter seus estudos em condições virtuais sem uma ação enérgica dos governos para garantir condições de estudo adequadas (com tablets, computadores, internet, além de condições sanitárias e econômicas) nesse contexto é que já em julho do ano passado dez milhões[1] de brasileiros jovens estavam fora das escolas!

Não satisfeitos com as mais de 220 mil vidas perdidas, realizam uma prova presencial, por natureza excludente, colocando em risco a vida dos jovens e de seus familiares, colocando outros milhões de brasileiros em exposição ao vírus, um descaso absoluto com as vidas proletárias! Isso explica a desistência histórica registrada nessa edição do ENEM, com mais 55%[2] de abstenções em ambos os dias da prova! A grande maioria dos trabalhadores busca se proteger do vírus como pode e as formas para isso é não mandar seus filhos para fazer o vestibular, bem como não aceitar o retorno das aulas presenciais sem que exista vacina para todos.[3]

Para os que realizaram a prova, o caos absoluto. O diretor responsável pela aplicação da prova, Carlos Alberto Pinto de Souza, morreu um dia antes da aplicação da prova por Covid-19[4], aumentando ainda mais o caos sobre as condições de realização da prova.

O relato daqueles que participaram mostram o completo descaso com as vidas de jovens e trabalhadores na realização da prova. Coletamos dois relatos de militantes da Liberdade e Luta que realizaram a prova nesta edição.

“Eu cheguei ao local da prova, já havendo uma aglomeração de estudantes e de funcionários da própria universidade que promoviam a integração de estudantes nessa própria, me direcionei diretamente pra sala, quando cheguei tive que tirar a máscara para o reconhecimento e logo sem seguida recebi álcool em gel do outro instrutor, ambos inclusive, tentaram o tempo todo manter a segurança e a integridade de todos os estudantes da forma que puderam, auxiliando nas medidas sanitárias, mas isso é algo difícil para alguém quando tem que tomar conta de 25 pessoas (no segundo dia a presença foi de 22 pessoas) em uma sala de menos de 150 metros quadrados, o que por meio de um cálculo bem simples, se percebe que não é recomendado que mais de 12 pessoas estejam nessa sala, para que se mantenham as regras da OMS, sendo que, de acordo com o próprio instrutor, o “planejado” era para que houvessem 57 pessoas naquela sala, as pessoas tentavam o tempo todo manter a distância uns dos outros, mas isso era algo impossível na situação que se encontrava, todos na sala tentaram o mínimo de comunicação, mesmo quando era permitida. A saída foi igual à entrada, aglomerações provocadas por funcionários de cursinhos e faculdades da região, chamando os estudantes para se inscreverem.” –  Murilo Rocha Souto Maior, militante da Liberdade e Luta, 17 anos, que prestou a prova em uma faculdade da Zona Norte de São Paulo.

“Realizei as provas na cidade na qual eu moro, Caieiras, região metropolitana de São Paulo, numa instituição de ensino superior. Logo em que cheguei à porta da faculdade, me deparei com uma grande quantidade de candidatos aglomerados, embora todos estivessem de máscara. No momento de abertura dos portões, mediram a temperatura dos candidatos, e nos exigiram a aplicação de álcool em gel nas mãos. As pessoas que iam chegando iam para as respectivas salas de aplicação das provas. Nesse primeiro instante, não houve preocupação com a distância dos candidatos. As salas, como pude reparar, eram pequenas e não tinham capacidade de manter um número mediano de estudantes. A minha sala (especificamente) era apertada e, embora a chefe de sala tentasse nos manter o mais longe possível um do outro, foi praticamente impossível. Não havia álcool em gel disponível na entrada das salas, ou seja, ficou sob nossa responsabilidade levar álcool para passar no decorrer do dia. Foi obrigatório o uso de máscara, todos usavam, tanto a chefe de sala como os fiscais e estudantes. Apesar de ter faltado bastante gente no primeiro e segundo dia da prova, houve uma visível superlotação nas salas e no próprio prédio. Alguns candidatos, inclusive, reclamaram da proximidade em que estavam do outro, porém, nada podia-se fazer, visto que as salas eram minúsculas e o(a) chefe de sala já tinham tentado desfazer a aglomeração. As medidas de prevenção foram as mais básicas que se tinham condições de impor. Logicamente, como o Governo Federal e os próprios governos estaduais não criaram nenhum plano seguro de prevenção da Covid-19 para realização do Enem, ficou inviável para os próprios aplicadores e chefes de sala uma organização coerente entre a aplicação de uma prova que obriga os estudantes a passarem quase seis horas numa sala sentados e medidas preventivas de uma doença que já ocasionou a morte de mais de 200.000 pessoas no Brasil. (…) Em nenhum momento levaram em conta a vida dos milhares de estudantes que vivem com algum familiar do grupo de risco. Em nenhum momento se importaram com a quantidade absurda de estudantes de não conseguiram fazer a prova devido à falta de estrutura em casa para estudarem. Esta edição do Enem evidenciou a tamanha desigualdade educacional e geral que assola a sociedade. A pandemia foi uma soma em meio a diversas crises provocadas por um vírus ainda mais mortal que nos assombra há séculos e que é inteiramente responsável por esta: o capitalismo. O governo e o Estado, na sua organização burguesa, pouco se importam com a classe operária. Falar sobre a falta de estrutura na aplicação de uma prova é também falar sobre aspectos que não são geralmente levados em consideração: a organização de uma sociedade dividida em classes, as crises econômicas e políticas desencadeadas nessa infame organização social, o modo como toda essa catástrofe beneficia inimigos da classe trabalhadora e o principal: a importância de lutarmos pelo fim do Enem e dos vestibulares e por uma educação pública, gratuita e realmente para todos.” – Amanda Marques, militante da Liberdade e Luta, vestibulanda.

Importante ressaltar que o responsável por toda essa situação é e continuará sendo o governo Bolsonaro, que em nenhum momento garantiu que as pessoas pudessem permanecer em casa, com uma quarentena adequada sem se preocupar com o pão de cada dia! Longe de ser uma responsabilidade individual o número de casos e de mortes, reafirmamos, é uma responsabilidade do governo, que negou a gravidade da doença, segue negando a importância da vacina e não implementa uma política efetiva para salvar as vidas, ampliando investimentos em saúde e educação e permitindo um isolamento social e quarentena que não coloque os trabalhadores para morrer de fome!

Soma-se a isso a nova variante que surgiu nos últimos dias no estado do Amazonas, na cidade de Manaus, que anda se espalhando em território nacional para diversos outros municípios e estados, uma nova variante que trabalha com a “evasão imunológica”, ou seja, patologicamente os sintomas são quase os mesmo, porém as pessoas podem sofrer reinfecções, além do que, a nova variante é mais transmissível e mais letal em pessoas mais jovens. O que coloca a necessidade da vacinação gratuita e para todos já! Todos os calendários de vacinação preveem a vacinação dos grupos de risco com prioridade, o que está absolutamente correto. No entanto, toda a população precisa ter o direito a vacinação. Se uma parte está vacinada e a outra não, a transmissão não deixa de ocorrer e aqueles que não forem vacinados continuam em risco! A pressão da burguesia realizando a prova do ENEM e pressionando para o retorno das aulas presenciais mesmo sob o argumento de que os professores e grupo de risco estarem vacinados é irresponsável e inadmissível! Estão nos fazendo de bucha de canhão para salvar seus lucros e “retomar a economia”. Por isso, chamamos toda a juventude para lutar pelo direito a vacinação gratuita e para todos! Por todo dinheiro necessário para a saúde pública e para pôr abaixo o orçamento 2021, que retira investimentos da saúde e educação para aumentar os investimentos militares! Também apontamos a necessidade de se mobilizar para pôr abaixo o governo Bolsonaro! Participe dos atos pelo Fora Bolsonaro no dia 31/01/2021 e levante essas bandeiras:

  • Aulas presenciais só com vacina para todos!
  • Jovem também corre risco! Vacina para todos!
  • Juventude também quer vacina! Vacinação gratuita e para todos já!
  • Todo investimento necessário para saúde, educação e ciência públicas! Abaixo o orçamento 2021!
  • Educação pública, gratuita e para todos! Vagas para todos nas universidades públicas!
  • Abaixo o governo Bolsonaro! Por um governo dos trabalhadores sem patrões nem generais!

Referências:

[1] Disponível em: https://www.redebrasilatual.com.br/educacao/2020/07/dez-milhoes-abandonaram-ou-nem-frequentaram-escola/

[2] Disponível em: https://educacao.uol.com.br/noticias/2021/01/24/enem-abstencao-de-553-supera-o-esperado-diz-presidente-do-inep.htm

[3] Disponível em: https://educacao.uol.com.br/noticias/2020/09/10/81-dos-paulistanos-sao-contra-volta-as-aulas-presenciais-diz-pesquisa.htm

[4] Disponível em: https://istoe.com.br/diretor-responsavel-pelo-enem-morre-de-covid-em-meio-a-pressao-para-adiar-prova/

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