O Fim do Departamento de Polícia de Minneapolis e a luta revolucionária pelo Fim da Polícia Militar

Foto: Rovena Rosa

A Insurreição nos Estados Unidos não arrefece. Mesmo com a burguesia querendo amenizar a ira dos trabalhadores e da juventude, seja punindo os policiais assassinos, seja com outras ações hipócritas, as mobilizações não cessam.

A burguesia, diante das imensas e massivas manifestações, começa a soltar os anéis para não perder os dedos e com isso decretou o fim do Departamento de Polícia de Minneapolis via Conselho Municipal. Ainda que por meios legalistas, a votação expressa o processo avançado da consciência dos trabalhadores e dos jovens norte-americanos ao compreenderem que nenhuma instituição burguesa pode ser reformada ou humanizada.

Os assassinatos e atos aviltantes dos agentes repressivos do Estado burguês não são meros problemas dos indivíduos. Ou seja, responsabilizar e punir apenas os criminosos em nada resolve a série de mortes, o racismo e a opressão. A classe trabalhadora sabe disso, pois reside e constrói sua sociabilidade nos bairros operários, onde mesmo mudando a farda ou o crachá preso nela, a repressão e hostilidade seguem a mesma.

Para nossa classe, em todo mundo, a questão da segurança pública é crucial, justamente por sermos quem mais sente na pele os desmandos do Estado em nome da burguesia, em defesa do capital e da propriedade privada.

Os populistas da direita, políticos e imprensa, sabem disso. Por isso massificam campanhas supostamente anticrime e em favor dos trabalhadores. Mas não passam de mentiras e jogos ideológicos para colocar nossa classe contra nós mesmos, dividindo-nos, tanto pelo racismo, quanto por outros meios.

Ao mesmo tempo, a esquerda institucional realiza um papel que deseduca e torna-se contrarrevolucionário diante ao tema. Como liberais, defendem as instituições ou, como no caso do Brasil, defendem no máximo a “desmilitarização” da Polícia. Porém, como vimos no caso do menino João Pedro, assassinado pela Polícia Federal, pouco importa qual é a instituição. Ambas matam, sequestram, plantam falsas provas para incriminar e mentem em seus julgamentos para safar seus membros.

O desmantelamento do Departamento repressivo de Minneapolis é uma amostra da possibilidade de superarmos essas instituições, sempre guiando as reivindicações e propostas para além das estruturas do Estado capitalista, ainda mais neste quesito da segurança pública, pois evidencia que não precisamos destes destacamentos para assegurar nossas vidas.

Muito pelo contrário, para salvaguardar nossa classe de toda repressão estatal, há somente uma saída: a saída revolucionária da autodefesa proletária, como militantes negros já estão realizando nos Estados Unidos, especialmente durante as manifestações. Mais de 15 pessoas já foram mortas, seja pela polícia, seja por supremacistas brancos, nos últimos dias de Insurreição nos EUA. Mais um exemplo da necessidade da superação da polícia, impondo nossa própria segurança e auto defesa.

A votação em Minneapolis expõe em suas deliberações o caráter racista e assassino do departamento. Opressor não apenas contra os negros, mas contra todos os trabalhadores e jovens.

Esta conquista não pode ser cooptada pela burguesia, como se fosse um recuo do Estado, aceitando as demandas das mobilizações e votação por meio do Conselho Municipal. O Estado está estrategicamente tentando negociar; oferecendo alguns anéis para não perder os dedos, as mãos, a propriedade e o poder. Diante do caráter insurrecional do movimento, é necessário avançar ainda mais, no sentido da construção de um partido revolucionário, para expropriar a burguesia e estabelecer conselhos de trabalhadores para a sua auto defesa e para a organização da produção de maneira coletiva.

Donald Trump já alertou que usará toda força necessária para conter a ira popular, mas os estados sabem que não poderão barrar a força dos trabalhadores organizados, então negociam, especialmente em Minneapolis, cidade estopim e em chamas.

Com o mundo em ebulição, em luta por suas reivindicações nacionais e em solidariedade internacional, reverberando os acontecimentos dos Estados Unidos, compreendemos que as pautas continuarão se acirrando. As massas entraram em cena e não aceitarão a mesma vida que antes da pandemia, muito menos a de agora, com mais dor, sofrimento, repressão e morte.

Por isso derrubam departamentos de polícia, ateiam fogo em delegacias e colocam a tomada do poder na ordem do dia, mandando Trump para seu esconderijo na Casa Branca.

A construção de uma nova política de segurança pública passa indubitavelmente por essa transformação, a revolução social. As bases do sistema capitalista e seu Estado nunca permitirão uma polícia em defesa dos trabalhadores e jovens. E isso nada tem a ver com conceitos irrelevantes da academia , que retiram do núcleo desse debate a problemática da propriedade privada e a luta de classes.

Os crimes, as mortes e com elas, as repressões, são produtos da sociedade de classes. Para resolvê-las, é preciso derrubar a propriedade privada e seu Estado, alcançando as necessidades de saúde, educação, saneamento, alimentação, emprego, moradia e cultura. Apenas assim teremos plana segurança para todos. A conquista disso passa pela nossa organização e também constituição dos comitês de autodefesa, pois a burguesia não entregará nossas reivindicações.

Qualquer política que não paute concretamente essas questões e fins, não passam de tentativas de remendos e reformas da ordem burguesa.

A tarefa dos trabalhadores e jovens de Minneapolis e de todo o país é radicalizar cada dia mais e assim o farão, pois sabem que os recuos que o Estado e seus mecanismos podem dar são momentâneos. Em uma canetada, podem reconstituir o departamento ou Trump ordenar que as tropas nacionais prendam e matem os manifestantes.

Por isso, seguirão lutando, nas ruas, enfrentando o Covid-19, a polícia assassina, os supremacistas brancos e toda a burguesia. Organizando-se e preparando-se política e fisicamente.

É, portanto, esse o exemplo que devemos seguir no Brasil e no mundo, defendendo e atuando pelo fim da Polícia e pela derrubada completa do Estado burguês e do sistema capitalista.

Pelo Fim da Polícia e seus Departamentos de repressão nos EUA!

Pelo Fim da Polícia Militar e todos os demais braços armados burguês!

Viva a luta internacional dos povos!

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