Organizar a revolução para pôr fim ao capitalismo

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Na terça-feira (19/09), Temer, em discurso na sessão solene da Assembléia das Nações Unidas, afirmou que a recessão havia ficado para trás. Isso após a economia avançar 0,2% no segundo trimestre em relação ao período anterior. Temer esconde sob seu discurso que esse avanço se dá após dois anos consecutivos de taxas negativas. Ou seja, não significa absolutamente nada em termos de superação da crise. Situação agravada pela previsão de déficit de R$ 159 bi, que ainda pode ser revisada.

Se Temer não caiu ainda pelas mãos da burguesia é porque não há quem pôr em seu lugar e temem criar ainda mais instabilidade. Os trabalhadores têm demonstrando uma enorme disposição de luta e se mobilizaram aos milhares no último período. Mais recentemente, o Rock In Rio foi marcado pelo “Fora Temer”. Se a situação não avança é porque as direções sindicais seguem freando o movimento. Vivemos o que o revolucionário russo, Leon Trotsky, define como a crise histórica da humanidade – a crise da direção revolucionária.

Essa situação abre precedente para declarações como a do General Antonio Hamilton Mourão sobre a possibilidade intervenção militar no país. Mas, mesmo entre o alto comando do exército, essa é uma possibilidade remota, pois, apesar das declarações, as condições para uma intervenção militar não existem e uma tentativa de tomada do poder à força poderia provocar uma reação das massas que levaria a um levante popular.

A quase um mês em greve, os trabalhadores dos Correios que estão em greve desde o dia 19/09 seguem sendo atacados, agora também pelo judiciário. No dia 28/09 o Tribunal Superior do Trabalho (TST) declarou a greve abusiva, com isso os trabalhadores que seguem mobilizados serão considerados ausentes do trabalho. Essa decisão é a demonstração do caráter no judiciário, atacando os trabalhadores em um momento de mobilização da categoria. Mesmo com a decisão, os trabalhadores seguem se organizando e permanecem em greve.

O que está acontecendo nos Correios é parte do processo de desmonte e privatização da estatal. A mais de 5 anos que não há novas contratações ou concurso. Nesse mesmo período foram dois planos de demissão voluntária, contabilizando mais de 10 mil demissões. O resultado disso é a sobrecarga sobre os trabalhadores, uma vez que a demanda pelo serviços segue aumentando. Dessa maneira o Governo desacredita os Correios e facilita a sua entrega para as multinacionais privadas que estão sedentas por esse imenso mercado.

Américas em chamas

Na Argentina, o Governo Macri continua atacando os direitos dos trabalhadores e da juventude. No início do ano, os professores impuseram a primeira greve geral contra o atual presidente e pararam a Argentina, mas a situação segue piorando. Mais de 30% da população está lançada na pobreza. A taxa de desemprego subiu 9,2% no primeiro trimestre do ano e segue avançando. O sequestro de Santiago Maldonado e o encobrimento do que aconteceu por parte do governo de Macri engrossa o caldo de ataques contra o povo argentino. Uma campanha internacional para a reaparição de Maldonado está em andamento, ainda assim o silêncio do governo segue.

Macri  segue seu plano de ataques e agora tenta impor uma reforma na educação que, entre outros ataques, substituirá metade do último ano do ensino médio por estágios em ONG’s ou empresas. A medida elimina notas e repetição, além de “economizar” dinheiro que deveria ser investido na educação. Desde o início, Macri demonstrou a que veio ao colocar executivos de Wal Street nos principais cargos do governo. O povo argentino segue contra todos esses ataques e estão se mobilizando aos milhares.

No México, no início do ano, a aplicação de medidas que aprofundaram as reformas energéticas no país elevaram os preços do combustível e causaram massivas mobilizações contra o governo em um movimento contra o chamado “gasolinazo”. Essa medida é parte do pacote que vem sendo aplicado de privatizações e reformas. Os mexicanos têm sofrido com o desemprego, baixos salários e a fome. Mas o que parecia ser apenas mais uma medida se transformou em atos massivos e a luta contra o gasolinazo se transformou na luta contra o governo do Presidente Enrique Peña Nieto. As palavras de ordem “Fuera Peña!” tomaram as manifestações. Se a política era um desastre, o povo mexicano ainda foi atingido por um desastre natural que matou centenas de pessoas. As conseqüências do terremoto e as ações do governo demonstraram a sua incapacidade de lidar com o mínimo, contribuindo para que muitos que poderiam ser resgatados morressem sob os escombros. A resposta da população tem sido um solidariedade imensa, milhares de homens e mulheres saíram às ruas organizando brigadas, coleta de alimentos e o resgate de feridos. Demonstraram a capacidade dos trabalhadores de, mesmo na tragédia, apresentarem uma saída que o capitalismo é incapaz.

Nos EUA, em agosto, grupos supremacistas de extrema-direita se manifestaram contra a retirada de uma estátua do General Confederado Robert E. Lee de um parque municipal em Charlottesville. Em resposta às manifestações racistas, milhares de militantes organizaram uma contra-manifestação dezenas de vezes maior e impuseram uma derrota aos supremacistas, mesmo quando esses recorreram à violência e assassinaram uma manifestante.

Ainda nos EUA, jogadores de futebol americano têm protestado contra as ações racistas da polícia norte-americana. Os atos iniciaram a partir da recusa do atleta Colin Karparnick em levantar do banco de reservas durante a execução do hino nacional, em julho de 2016. De lá para cá, ele e os atletas Nate Boyer e Erick Reid idealizaram que, ao se por de joelhos, chamariam mais atenção. Na última semana, em mais um protesto dos atletas, Donald Trump pediu que os times e a liga de futebol americano (NFL) demitissem os manifestantes. O pedido foi ignorado. Trump recorreu a Nascar para exaltar o respeito a bandeira e, apesar de ter apoio de alguns donos de times, recebeu críticas de diversas figuras do meio, inclusive de Dale Earnhardt Jr, piloto mais popular da categoria e filho da lenda do esporte Dale Earnhardt Sr, levando s própria Nascar a emitir uma declaração apoiando a posição de Dale Jr.

Europa segue em crise             

Na Europa, as estruturas do capitalismo seguem estremecendo. No início de setembro, trabalhadores de dois restaurantes McDonald´s paralisaram as atividades em uma ação de luta internacional de trabalhadores de fast-food. A greve desses trabalhadores, em sua maioria jovens, exigia o direito de sindicalização, jornada de trabalho regular e melhores salários. Essa ação foi impulsionada pelo sindicado de esquerda, o Sindicato dos Trabalhadores Padeiros em alimentos e afins (BFAWWU, sigla em inglês).

Na Espanha, após o Parlamento da Catalunha aprovar um referendo sobre a independência para o início de outubro, deu-se início a uma grave crise no país após a reação do Estado Espanhol, que enxergou no referendo um ataque ao regime. O fato é que a luta do povo catalão é também a luta dos trabalhadores em toda a Espanha, contra a monarquia, o governo reacionário do PP e o aparato do Estado reacionário herdado intacto do regime franquista. A luta por uma República Catalã representa uma ruptura com as políticas de austeridade, algo que só pode ser feito rompendo com o capitalismo e movendo-se na direção de uma transformação socialista da sociedade. O referendo de 1º de outubro foi uma demonstração de organização e disposição das massas, mesmo com o aparato policial espanhol utilizando a força para reprimir. A auto-organização para garantir a votação foi uma forte demonstração da capacidade dos trabalhadores. Somente a classe trabalhadora é capaz de apresentar uma saída que combata os planos que austeridade que ameaçam seus direitos e sua vida.

A organização é a única saída

O Brasil e o mundo estão em ebulição. Disposição não falta. Necessitamos criar os meios para pôr fim a esse sistema que massacra a imensa maioria da população. O capitalismo não cairá sozinho. É necessário pôr abaixo toda essa estrutura que permite que 1% da população concentre riqueza maior que os 99% restantes.

Para combater tudo isso é necessário a organização de jovens e trabalhadores na luta pelo socialismo. Somente assim que poderemos pôr fim ao capitalismo. Para isso a Liberdade e Luta está em campanha para organizar o seu Acampamento Revolucionário, que ocorrerá em janeiro de 2018, em Florianópolis/SC. Convidamos todos aqueles que lutam por um mundo sem as opressões do capitalismo a construir conosco o Acampamento Revolucionário. Nossa única arma é a nossa organização, junte-se a nós.

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