Tecnologia para a educação sim! EaD, HomeSchooling não! Relato crítico do terceiro dia do CONUNE Extraordinário

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No terceiro dia do Congresso Extraordinário da UNE, houve o encontro que discutiu os limites do ensino remoto e o movimento pela escolarização em casa no Brasil. Para isso a mesa contou com as falas de Adércia Hostin, presidenta do sindicato de professores de Itajaí e Região, Olgamir Amancia Ferreira, professora da Universidade de Brasília, Leonardo Villela de Castro, professor da UNIRIO e João Carlos Salles, Reitor da UFBA.

As falas de forma geral apresentam a pandemia como um catalisador de uma crise que já estava em curso e as universidades públicas nesse cenário apresentam constantes perdas em investimentos desde 2016, ou seja, essas condições já apontavam para um rumo de cortes orçamentários nas áreas que desenvolvem pesquisa, infraestrutura e assistência estudantil que desemboca no momento que se faz necessário desenvolver mais pesquisa e mais ciência no contexto da pandemia da covid-19, como bem aponta Olgamir.

E sobre o ensino remoto nas condições que estão postas, Leonardo Villela, aponta diretamente para a questão da precarização do trabalho docente, visto que se trata da implementação de um modelo “barato” de educação, sem vinculação dos professores à instituição e são contratados como bolsistas pelos consórcios da UAB ao invés de serem contratados com dedicação exclusiva pela Universidade, nesse sentido precarizando o ensino docente, em contrapartida também apresenta a situação dos estudantes que acessam a universidade pública através dessa modalidade de ensino remoto, uma vez que estes não são beneficiados pelas bolsas de auxílio permanência e dessa forma pontua a necessidade de participação política dos estudantes do EAD no âmbito dos colegiados que os representam.

Adércia chama a atenção para o escoamento do dinheiro público para os grandes conglomerados da educação privada e também comenta rapidamente sobre o Home Schooling, que tramita através de um projeto de lei e apresenta diversos problemas, tais como o direito a socialização, comprometimento do desenvolvimento intelectual, a desprofissionalização do professor, que são pautas que atende à demanda de grupos educacionais privados e aos adeptos do Escola Sem Partido.

João Carlos Salles alerta sobre o Reuni Digital que se coloca como forma de ampliação do ensino superior público através do EAD, mas que se apresenta como margem para recursos públicos escoarem para a iniciativa privada, ou seja, recursos das universidades federais que sofrem cortes progressivos a cada período terão seus recursos desviados ainda mais, sem os pilares da universidade pública que é o ensino, a pesquisa e a extensão, ou seja, afirma categoricamente que essa modalidade de “expansão do ensino superior” se comporta como um parasita, sugando os recursos da educação, e coloca essa questão como um desafio para a UNE.

Dessa forma João Carlos coloca corretamente que todo o povo, de todas as regiões do Brasil merece acesso à universidade pública e nós da Liberdade e Luta temos acordo com isso. Entretanto a tática que a direção da União Nacional do Estudantes coloca é de pura adaptação ao sistema, como apresentado na fala da integrante da UJS dizendo no debate no Zoom que “queremos um Reuni de qualidade”. A ordem do dia não se baseia em transformar os ataques da burguesia em algo que favoreça os estudantes, mas sim lutar por uma educação pública, gratuita e para todos, lutar para que todo o estudante que queira se matricular no ensino superior público possa fazê-lo sem impedimentos. Lutar categoricamente pelo Abaixo Bolsonaro Já, por um governo dos trabalhadores sem patrões nem generais, pela federalização de toda universidade privada que recebe dinheiro público por meio de programas como o Fies, BNDES e o ProUni, exigir que todo o dinheiro público seja destinado à educação pública e assim atender às necessidades dos estudantes no que se refere também a contratação de professores e a assistência estudantil.

A Liberdade e Luta defende que todas as condições para o estudo remoto (equipamentos, internet e etc), enquanto não houver vacina para todos, para todos os estudantes, sem sobrecarga de trabalho aos professores e demissão de funcionários. Defendemos a tecnologia para apoiar no desenvolvimento da educação e da ciência, mas rechaçamos completamente o Ensino à Distância e nos opomos ao HomeSchooling e a sua “glamourização”. O homeschooling assim como o EaD é um ataque à educação pública, gratuita e para todos, aos professores e às famílias operárias, que serão sobrecarregadas com essa modalidade e não tem a menor condição de garantir as condições adequadas para o estudo.

Nenhuma concessão ao EaD e ao HomeSchoolinh!

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*Gustavo Benassi é estudante de Ciências Sociais na Unifesp

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