Univille: o “modo híbrido” e a ciência
Os estudantes e professores estão esgotados das aulas virtualizadas. O esgotamento diante as telas, a perda de momentos fundamentais para a formação dos graduandos e do trabalho dos docentes, de modo geral, todas as dificuldades impostas pela pandemia, que perdura há mais de 1 ano e 4 meses, causa crises psicológicas e físicas. Em certos momentos, essas péssimas condições acabam por fazer alguns relativizar a questão do retorno às aulas presenciais, inclusive porque praticamente todos os estudantes já estão no trabalho presencial, especialmente em uma universidade como a Univille, composta, majoritariamente, por jovens trabalhadores.
Contudo, essa relativização pelo retorno presencial não é fruto de um mero desejo individual, mas por um trabalho ideológico do Estado, da própria universidade e de direções de entidades estudantis como o DCE da Univille, que impulsionam a consciência coletiva a aceitar o retorno ao presencial, negando a ciência. Algo criminoso, visto que ainda não é seguro a retomada das atividades presenciais e que os assim chamados “protocolos de biossegurança” não asseguram nada.
A Universidade, neste caso a Univille, deveria ser a primeira a explicar à população estas questões, como intransigentemente defensora da Ciência. Ao contrário disso, quando a Universidade, na figura de seu reitor, defende a retomada, a partir de seus “protocolos” e do “modo híbrido” – que deixa à vontade do estudante voltar ao presencial ou não -, abre mão da absoluta segurança de todos seus estudantes e trabalhadores.
Evidentemente, todos queremos retornar ao presencial quando todos estiverem imunizados, entretanto sabemos do perigo explícito disto e de como essa “flexibilidade” da reitoria, assinada em baixo pelo DCE, impulsiona os estudantes ao retorno. Assim, fica expresso o que Trotsky apontou ao dizer que a decadência de um sistema pode ser visto pela negação e o atraso científico, justamente nas instituições em que a ciência é produzida.
Os protocolos de biossegurança serão relativamente eficazes quando toda a população estiver vacinada e imunizada contra a Covid-19, pois as escolas e universidades não possuem estrutura para cumprir tais medidas corretamente. De qualquer modo, sem dúvidas, teremos ainda um longo período onde precisaremos de protocolos, que hoje são produzidos com a falaciosa apresentação de seguros, impostos pelo Estado, pelo mercado e, assustadoramente, pelas universidades.
Ora, não precisamos vasculhar ou distorcer a ciência para vermos a ineficácia dos protocolos contra o aumento da contaminação deste vírus, principal argumento para o retorno presencial. Basta assistirmos o que está acontecendo devido aos Jogos Olímpicos de Tóquio, com os rígidos protocolos de biossegurança do Estado e do Comitê Olímpico Internacional (COI). Na manhã do dia 28 de julho, sexto dia de competição, a capital japonesa bateu seu recorde de contaminação na pandemia, alcançando 3 mil novos casos em 24 horas, além de uma alta de 153% na média móvel na última semana.
No comunicado oficial da Univille e do DCE, o qual pode ser lido nas redes sociais da chapa que dirige o diretório central dos estudantes, DCE Pode +, alinhado a JPDT, a reitoria convida os estudantes ao retorno presencial, pois estão “preparados” com seu protocolo. O comunicado explicita que as aulas continuarão híbridas para aqueles que fazem parte de grupos de riscos ou apresentarem restrições ao retorno. Porém, vários estudantes já relatam que o retorno será obrigatório, para os que não forem de grupos de risco, nas próximas semanas.
Quanto ao transporte coletivo, literalmente um ônibus de contaminação, que segue lotado em Joinville, a Univille e o DCE simplesmente se prestam a disponibilizar as linhas até o campus. Mas claro, tudo isso sem deixar de responsabilizar os estudantes, ao dizer que: “apesar do ambiente da Instituição estar preparado para atender de forma presencial, é fundamental que todos os cuidados ainda sejam mantidos durante a permanência nos espaços da Universidade. Lembre-se de higienizar as mãos, manter o distanciamento social e usar a máscara”.
Ao longo desta pandemia, nós, militantes da Liberdade e Luta na Univille, denunciamos os rompantes anti-científicos da Univille e a conhecida atuação traidora da atual direção do DCE, como o “Univille contra a Ciência”. Esta direção, ao invés de atuar como vanguarda, sendo um ponto de apoio aos estudantes explicando a necessidade da defesa da Educação e da Ciência, se torna um elemento reacionário, pois auxilia o Estado e a reitoria a retroceder a consciência coletiva sobre o que deve ser a universidade, isto é, o espaço de produção, defesa e socialização da ciência. Conjuntamente, segue sem nenhum real contato com os estudantes, muito menos nas lutas contra os ataques à educação. Ao contrário disto e com nossas possibilidades, nos cursos em que estudamos e que temos apoiadores, a Liberdade e Luta combate o retorno presencial até que todos trabalhadores e estudantes estejam imunizados, apontando a necessidade de nos organizarmos e lutarmos contra o governo Bolsonaro, por um governo dos trabalhadores, sem patrões nem generais!
Precisamos seguir exigindo a real segurança para estudantes e trabalhadores da universidade. O esgotamento da virtualização das aulas é real, porém, nossas vidas são a prioridade. Não somos experimentos para que o Estado e a reitoria testem seus protocolos.
Por isso, os convidamos para se juntarem ao Núcleo Univille e Udesc da Liberdade e Luta. Nossa próxima atividade será no dia 7 de agosto, às 18h, onde discutiremos a Falsa Polêmica: Educação de Qualidade ou Pública, iniciando as discussões sobre os artigos da brochura “A Luta pela Educação Pública, Gratuita e para Todos: Questões do Movimento Estudantil”. Para participar da atividade, entre em contato pelo Instagram @liberdadelutajoinville.
Conheça e participe da campanha Universidades Ficam, Bolsonaro Sai!
Organize-se com a Liberdade e Luta!
Uma Solução: Revolução!