As lutas da juventude nas universidades privadas

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unipriNos últimos anos, temos assistido, sem passividade, um contínuo ataque da burguesia e de seus representantes ao conjunto da classe trabalhadora e da juventude. O ataque, do ponto de vista da burguesia, tem que ser direto, pra reduzir os custos do trabalho e aumentar a produtividade. Isso significa um brutal corte nas áreas sociais, além das demissões, da menor oferta de novas vagas, dos ataques aos direitos trabalhistas, tudo em nome da manutenção do seu próprio sistema econômico. 

Os ataques à educação já foram anunciados e já estão sendo gestados. Desde o Governo Lula/Dilma tivemos diversos ataques aos direitos dos estudantes, tais como a redução do FIES, o desmantelamento das universidades públicas e a aprovação da Lei Antiterrorismo, instrumento direto de ataque as lutas que se desenvolvem desde 2013. 

Agora, com o afastamento definitivo do Governo Lula/Dilma, os ataques à classe trabalhadora e sua juventude vêm como torneira aberta. Já no dia 24/8, o Senado aprovou a DRU (Desvinculação das Receitas da União), um cheque em branco para o Governo Temer.  

E o que se anuncia para os estudantes? Precarização do ensino, tanto básico, quanto de nível médio e superior. O Ministro da Educação, Mendonça Filho, já deu seu recado: redução das vagas para PROUNI, SISU e PRONATEC até 2017. 

Nas universidades privadas, somos 5,3 milhões de estudantes. Somos a grandeza de 71,4% do total de estudantes do ensino superior e, a maioria de nós, jovens trabalhadores. 

O que essa crise significa para nós, estudantes, e principalmente, estudantes do ensino privado?

Em primeiro lugar, nosso acesso ao Ensino Superior está cada vez mais estreito. No ano passado, foi de 25% a queda do número de ingressantes na graduação, segundo a HOPER. Isso se soma ao desmonte das universidades públicas, com redução das verbas, redução das vagas, entulhando mais e mais jovens para o ensino superior privado, que quando chegam para fazer matrícula se deparam com suas condições financeiras, o que fica expresso na redução da captação das matrículas do ano passado, com redução de 25%. Desde aqui, muitos jovens desistem da graduação. E os que continuam persistindo nesse ‘‘sonho’’, acabam tendo dificuldades em vários caminhos: se tentarem bolsa, vão se deparar com a redução da oferta de vagas por um lado, e por outro, altos níveis de candidatos por vaga, o que pressupõe que tenhamos tido boa educação no ciclo básico e médio para conseguir a vaga, e sabemos a conclusão; se tentamos FIES, por um lado, nos deparamos com os cortes, por outro, com o endividamento no futuro; se tivermos condições de pagar a mensalidade, a questão que se coloca é a nossa permanência durante o curso; e por fim, se optarmos pelo EaD (Ensino a Distância), a questão é a qualidade dessa modalidade e sua precarização em vários casos. 

Por outro lado, temos que analisar o vergonhoso papel das direções estudantis, que ou se dividem ou não mobilizam, deixando os estudantes a sua própria sorte sob o jugo do mercado, que privatiza a educação, das reitorias conservadoras e burocratas e do isolamento político. 

E então, quais as nossas lutas nas universidades privadas?

A Liberdade e Luta está preparando uma coletânea de textos, que serão publicados durante setembro e outubro, para ajudar a compreensão desses milhões de jovens a questionar e se colocar em movimento por uma educação pública, gratuita e para todos! E entendendo o contexto específico nas universidades privadas, colocamos diversos temas em questão, que se apresentam como transitórios para a verdadeira conquista desse direito básico. 

Uma análise sintética, clarificada e propositiva sobre os principais temas e questões do ambiente acadêmico em uma universidade privada será uma grande arma de luta. 

Mas é preciso saber usá-la. É preciso entender esses textos como instrumentos de luta e não como palavras soltas para voar pelos quatro ventos. Entender as reflexões e propostas aqui apresentadas dessa forma seria um erro terrível. O revolucionário russo, Vladimir Ilich Lenin, nos diz algumas palavras sobre isso:

‘’Um dos maiores males e calamidades que nos ficaram da velha sociedade capitalista é o completo divórcio entre o livro e a vida prática, pois tínhamos livros onde tudo era pintado com o melhor aspecto e estes livros, na maior parte dos casos, eram a mentira mais repugnante e hipócrita, que nos desenhava falsamente a sociedade capitalista.‘’ (As Tarefas Revolucionárias da Juventude, 1920). 

Temos que compreender as reflexões como parte do processo de superação, através da prática consciente, do sistema capitalista, que, para nós, é a última forma da sociedade de classes que a humanidade precisa superar para a sua plena liberdade e emancipação. 

A Liberdade é nossa meta. A Luta é nosso método.   Organize-se e Lute!

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