Núcleo Liberdade e Luta IA-Unesp realiza atividade Em Defesa do Marxismo

No dia 16/03, o Núcleo Liberdade e Luta IA-Unesp realizou um debate aberto cujo tema foi “Em Defesa do Marxismo”, onde se discutiu a base da filosofia marxista e sua importância na atualidade. A atividade contou com a apresentação de Amanda Marques, estudante de pedagogia da Unesp-Marília, com base no artigo Por que somos marxistas, de Alan Woods, um dos dirigentes da Corrente Marxista Internacional (CMI) e no Manifesto do Partido Comunista, de Marx e Engels. A apresentação mostrou as principais questões referentes ao marxismo, de sua base fundamental – o materialismo histórico dialético, a luta de classes e as contradições do sistema capitalista.

O debate levantou questões fundamentais em como o capitalismo se tornou um sistema incapaz de promover bem-estar à humanidade, levando-nos a cada dia a uma catástrofe sem precedentes e à barbárie, que se manifesta de forma ainda mais ardilosa no estágio imperialista do capitalismo. Pautou-se a forma extremamente incoerente da burguesia de analisar as crises do sistema capitalista como crises e recessões de curta duração, além de uma crítica concisa em como os economistas e sociólogos burgueses lidam com o caminhar da história da luta de classes. Uma das análises feitas no informe foi a representação de Francis Fukuyama quanto a consolidação do capitalismo em sua fase globalizada nos anos 90 na obra O fim da história e do último homem, onde ele mostra uma análise desconexa da realidade na sociedade de classes, afirmando que o capitalismo seria o último estágio de desenvolvimento da humanidade, sistema que só tem gerado miséria, desemprego e guerras.

Fukuyama é um representante de sua própria classe, a burguesia. Outro ponto pertinente é que o marxismo como filosofia, bebeu do que melhor produziu a sociedade burguesa no seu período de ascensão. Diversos filósofos anteriores a Marx e Engels surgiram no seio do desenvolvimento da sociedade burguesa, como Kant, Hobbes e o próprio Hegel, que viria a ser um filósofo de grande inspiração a Marx e Engels.

A burguesia não produziu somente guerras e miséria, essa classe tem seu passado revolucionário. A burguesia quanto classe oprimida foi capaz de derrotar a monarquia e o sistema feudal, classe e sistema que tinham como base uma espécie de hereditariedade, ou seja, nascer numa determinada classe tornava o indivíduo pertencente àquela realidade para sempre. A questão, entretanto, é que após chegar a seu ápice, todo palavrório burguês de liberdade, igualdade e fraternidade, muito propagado na Revolução Francesa, veio por água abaixo.

São as condições históricas e econômicas, o desenvolvimento das forças produtivas e a luta de classes, que determinam a ascensão, a estagnação e o declínio de um sistema e de sua classe dominante. A burguesia joga fora suas “palavras de ordem” (como a própria liberdade, igualdade e fraternidade) porque esta não viu que em seu sistema os meios de produção privados estavam somente mudando de mãos: das mãos dos monarcas e aristocratas para as mãos dos burgueses e banqueiros. O que Marx e Engels compreendem é que não basta mudar os meios de produção privados de uma mão para outra, mas é necessário acabar com o regime da propriedade privada dos grandes meios de produção.

Entender esse mecanismo explicitado por eles em pleno século XXI, com o capitalismo numa fase degenerada, parece-nos fácil. Porém, essas análises foram feitas partindo de um princípio histórico. Marx e Engels vão trilhar um caminho longo para que essas compreensões fiquem a luz da filosofia, da luta de classes e da ciência. Marx utilizou o melhor da produção filosófica e científica de seu tempo para estudar a sociedade capitalista, como o socialismo francês (socialismo utópico), a filosofia alemã (a dialética idealista) e a economia inglesa (economia política).

O que Marx e Engels cumprem na história foi a superação dos socialismos não científicos (utópicos, conservadores, pequeno-burgueses, reacionários etc.) para o socialismo científico, por meio da compreensão científica das leis da sociedade: afinal, por que existem classes sociais? Por quais meios o ser humano produz e reproduz a vida? Por que as classes sociais entram em conflito e por que um sistema social e econômico entra em declínio e é superado por outro?

A partir destas questões podemos entender o porquê de acontecerem revoluções. Foi entendendo esses questionamentos que Marx e Engels concebem que o próximo estágio da história humana é a socialização dos grandes meios de produção e que a classe revolucionária de nosso tempo é a classe trabalhadora, tanto pelo papel que esta ocupa na produção e na economia, quanto a sua união na observação e compreensão da dinâmica atual da luta de classes. Como ponto fundamental de reflexão, podemos nos perguntar: a qual classe hoje importa o fim da exploração e da opressão? Somente à classe trabalhadora.

Por meio dessas contribuições foi possível entender que o marxismo é uma filosofia viva e que se encontra mais necessária ainda nos dias de hoje. As crises do capitalismo, ao contrário do que afirmam os economistas burgueses, não são passageiras. São crises tão intensas que deixam marcas permanentes nesta sociedade.

No modo geral, a atividade rendeu reflexões essenciais dignas de formações posteriores. Fechamos o debate com planejamento de realizar uma nova atividade a fim de propagar a filosofia revolucionária. Fique de olho nos próximos debates! Será um prazer contar com sua participação!

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